Exemplo mineiro

Em sua primeira entrevista, já como Governador eleito, o senhor Sérgio Cabral afirmou que iria procurar inspiração em Minas Gerais para enxugar a estrutura do governo, diminuindo o número de secretarias. Por favor, além de buscar boas práticas nesta área, seria igualmente importante inspirar-se em algumas das mais bem sucedidas experiências de segurança pública no país. Vamos a algumas delas:

1. O Igesp, ou Integração e Gestão em Segurança Pública. Nada mais eficaz para integrar o trabalho das polícias do que o modelo que vem sendo adotado por Minas Gerais. Inspirado no modelo do Compstat nova-iorquino, o Igesp reúne, semanalmente, em torno de uma mesa, os chefes das duas polícias (Civil e Militar), além de membros-chave do Ministério Público e do Judiciário. Ali, esses profissionais discutem, planejam e monitoram ações de segurança pública de forma articulada.

2. O Fica Vivo, projeto que tem contribuído para reduzir, de maneira significativa, as taxas de homicídios nos chamados “aglomerados”, as regiões mais pobres de Belo Horizonte, justamente aquelas que apresentavam os maiores índices de mortes violentas.

3. O Juventude e Polícia, projeto realizado pelo AfroReggae e pelo CESeC, organizações do Rio que Minas soube aproveitar, e que objetiva aproximar a juventude da polícia, principalmente os jovens pobres dos aglomerados.

4. A Ouvidoria de Polícia, que em Minas tem sido exemplo para outras ouvidorias, com seu trabalho pró-ativo, corajoso e muito competente, que tem mostrado para que serve um órgão de controle externo que não se acomoda e não aceita o corporativismo das polícias.

Muitos desses projetos tornaram-se possíveis graças à colaboração da universidade, seja a Universidade Federal de Minas Gerais e seu Crisp (Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública), seja a Universidade Candido Mendes e seu CESeC (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania).

Devemos buscar formas de aperfeiçoar, também, a área da investigação policial e da perícia. Sabemos que menos de 10% dos autores de homicídios no Rio de Janeiro chegam ao Judiciário para julgamento, ou seja, sai barato matar em nosso estado e a certeza da impunidade continua a estimular novos crimes.

Enfim, temos o dever de criar o nosso Igesp, nosso Fica Vivo, nosso Juventude e Polícia e uma ouvidoria que seja respeitada, além de tratar, com urgência, de melhorar consideravelmente nossas taxas de esclarecimento de crimes.

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