Segundo Julita Lemgruber, “casos de crianças com epilepsia, que se beneficiam bastante da Cannabis, sensibilizam muito o público. Isso contribuiu para quebrar o estigma e a demonização da maconha”.

Quanto mais informações tiver, mais a população perceberá que é uma insensatez proibir as drogas, diz Julita Lemgruber sobre o plano do ministro Osmar Terra, que define como “retrógrado”.

A prisão de Rogério 157, que chefiava o tráfico na Rocinha e passou a ser o homem mais procurado do Rio, foi comemorada pela cúpula de segurança pública como uma grande vitória – mas está longe de ser “uma virada de página”, alerta a socióloga Julita Lemgruber.

“Antes da retirada de direitos, os deputados deveriam estar preocupados com os assassinos que estão ficando fora do sistema penitenciário. O Brasil não esclarece 90% dos homicídios” – diz Julita Lemgruber, que adjetiva o pacote como “conjunto de asneiras”.

Os grupos criminosos enraizados nas favelas e periferias se armaram com armamentos de guerra em boa parte pela incompetência dos governos de bloquear os fluxos de armas e munições, diz Silvia Ramos.

Para Julita Lemgruber, a diferença entre os gastos do governo com a propaganda da GLO e com as tropas é vergonhosa: “Não adianta fazer marketing de algo que, no fundo, todos sabem, são apenas ações espetaculares e midiáticas”.

“Não conseguiremos dar um único passo enquanto não encararmos, sem hipocrisia, a necessidade de mudança na legislação sobre drogas. O que se vê no Acre hoje é mais uma tentativa de iludir a população”, afirma Julita Lemgruber.

Durante a conferência Reform 2017, encerrada no último sábado em Atlanta, EUA, Julita Lemgruber apontou problemas nos modelos de legalização da maconha adotados no Colorado e no Uruguai.

Especialistas de diversas áreas — médicos, sociólogos, juízes e ex-policiais — se dividem ao responder se a legalização das drogas reduziria ou não a violência no Rio.