Resumo: No Brasil, as percepções sobre uso da força pela polícia geralmente não distinguem a violência arbitrária, ilegal e ilegítima do recurso à força dentro dos marcos legais, legítimos e tecnicamente corretos de ação policial. Tudo tende a ser lançado à vala comum da “brutalidade policial”, que supostamente explicaria os atuais níveis de violência em nossas cidades. Essa visão ingênua ou preconceituosa é agravada pela ausência de um acervo reflexivo cientificamente embasado e informado pela comparação com a realidade de outros países. O artigo discute como se estrutura esse equívoco e quais as suas consequências para a sociedade e para as organizações policiais, que se vêem na situação de ter que tomar decisões em ambientes de incerteza e risco sem qualquer critério que as oriente quanto à propriedade das alternativas adotadas. Argumenta que as dificuldades para o uso adequado de força e a invisibilidade da maior parte do trabalho policial são as questões centrais por onde deveria começar um debate consequente e democrático sobre o papel e as formas de ação da polícia em nosso país.
AUTORES
Jacqueline Muniz, Domício Proença Jr., Eugênio Diniz
Como citar
MUNIZ, Jacqueline; PROENÇA JR., Domício; DINIZ, Eugênio. Uso da força e ostensividade na ação policial. Conjuntura Política - Boletim de Análise. Belo Horizonte: Departamento de Ciência Política/UFMG, n. 6, abril de 1999, pp. 22-26.