A violência bate à porta

Pesquisa mostra que número de assaltos a residência dobrou de 1998 a 2003 

 

O número de assaltos a residência no Estado do Rio, que estava em queda entre 1995 e 1998, voltou a subir nos últimos seis anos, revela uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes (Cesec-Ucam), De acordo com o estudo, feito com base nos registros de ocorrência da Polícia Civil publicados no Diário Oficial, de 1998 a 2003 a quantidade de roubos aumentou 113% (de 903 para 1.927).

Na análise por bairros, o estudo mostra que, em 2003, esse tipo de crime foi mais freqüente na região classificada pela polícia como 9ª Área Integrada de Segurança Pública (Aisp), que inclui os bairros de Acari, Honório Gurgel, Vicente de Carvalho, Irajá, Madureira, Cascadura, Marechal Hermes, Rocha Miranda, Pavuna e Vila Cosmos.

Zona Sul: segundo lugar em roubos

Em segundo lugar, aparecem os bairros da Zona Sul (Lagoa, Ipanema, Leblon, Jardim Botânico, Gávea e São Conrado) e a região de Campo Grande (39ª Aisp). Depois surgem a 31ª Aisp (Barra da Tijuca, Recreio, Vargem Grande e Vargem Pequena) e a região da Tijuca e adjacências.

A pesquisa do Cesec revela ainda que o número de assaltos a estabelecimentos comerciais também voltou a crescer nos últimos anos. De 1996 até o ano passado, a quantidade de registros dobrou, passando de 3.610 para 7.552, um aumento de 109%. O número contrasta com o de assaltos a bancos, que está em queda. Em 2003, foram registrados 56 roubos a bancos, o que representa redução de 75% em relação a 1993 (225 casos).

De acordo com o estudo, a taxa total de roubos também está em ascensão, tanto no estado quanto na capital. Ela subiu de 611 (número de roubos por cem mil habitantes), em 1993, para 1.374,8 na capital, o que significa um aumento de 120%. No estado, a taxa pulou de 374,6 para 799,7, um crescimento de 113%.

A taxa leva em conta todos os tipos de roubo registrados pela polícia: de veículos, carga, carros-fortes, armas, celulares, seqüestro-relâmpago (classificado pela polícia como “roubo com condução da vítima para saque”), assaltos a pedestres, turistas, entre outros. Uma análise dos gráficos mostra que depois de oscilações no início dos anos 90, a taxa teve crescimento contínuo a partir de 1996.

Em números absolutos, a maior quantidade de roubos ano passado foi de veículos (33.531). Os assaltos a pedestres somaram 17.884; os roubos de telefone celular, 12.760; os assaltos a estabelecimentos comerciais, 7.552 e os assaltos em ônibus, 4.653. Foram registrados ainda 179 casos de latrocínio; 291 seqüestros-relâmpago (roubo com condução da vítima para saque) e 15 seqüestros (extorsão mediante seqüestro)

A pesquisa do Cesec, como o GLOBO mostrou ontem, revela o impacto da violência do Rio nos últimos dez anos. De 1993 a 2003, 39 mil pessoas foram registradas como desaparecidas e cerca de 76 mil foram assassinadas durante esse período.

Em relação aos roubos e furtos de veículos, o levantamento mostra que ano passado foram registrados 53.473 casos no estado. O estudo faz uma comparação com São Paulo e conclui que a relação roubo/furto no Rio é de 1,7, enquanto em São Paulo é de 0,8. Isso significa que lá os furtos de automóveis ainda são mais freqüentes que os roubos.

Em 2003, os roubos e furtos de veículos aconteceram principalmente na região da 9ª AISP, que reúne os bairros de Vicente de Carvalho, Rocha Miranda, Acari, Pavuna, Irajá, Madureira e Vila da Penha. Em segundo lugar no ranking aparece a região de Olaria, Penha, Complexo do Alemão, Parada de Lucas, Vigário Geral, Manguinhos, Bonsucesso, Maré, Ramos e Benfica. A região é cortada pela Avenida Brasil e pelas Linhas Vermelha e Amarela. O Méier e adjacências surgem em terceiro lugar.

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