Uma série de ataques de bandidos levou pânico a motoristas do Rio de Janeiro. Foram cinco arrastões em menos de 24 horas, com vários carros incendiados. As autoridades de segurança prometeram reforçar o policiamento.
Carros em chamas e motoristas amedrontados. Domingo, meio-dia, Linha Vermelha, uma das principais vias expressas do Rio.
Segundo testemunhas, seis homens armados bloquearam o trânsito, atacaram ocupantes de três carros e queimaram os veículos. “Só mandou a gente sair, largar o carro e ir embora. E jogaram gasolina”, contou um homem.
Uma mulher escondeu a aliança de 25 anos de casamento, recuperada só depois que o carro já estava destruído. Os bandidos ainda atacaram um automóvel da Aeronáutica.
“Fizeram eu parar e botaram o fuzil pra fora pra furar o carro e jogaram uma granada também”, relatou um homem.
Na noite de domingo, houve mais três ataques. Em Laranjeiras, assaltantes agiram perto da sede do governo do Rio. Pouco depois, também na Zona Sul, novo arrastão, dessa vez na Lagoa.
Uma mulher tinha saído pra comemorar o aniversário. “Passa rápido celular, relógio, passa rápido, senão vou atirar”, lembrou.
Na Via Dutra, que liga o Rio a São Paulo, um motorista tentou fugir e foi baleado na cabeça. O estado de saúde dele é grave.
“Ele perdeu a direção do carro e foi encostando num lado, e ele virou a cabeça, e eu comecei a gritar, porque eu pensei que ele tinha morrido”, contou uma mulher.
A maioria dos ataques foi em áreas de grande visibilidade, por onde circulam milhares de pessoas todos os dias. A quinta ação dos bandidos foi na manhã desta segunda, e ela não deixou apenas marcas no asfalto. Quem estava a caminho do trabalho ficou assustado com o que viu.
Foi num local, que liga a Via Dutra à Avenida Brasil, que quatro homens armados com fuzis e pistolas incendiaram dois carros e uma van. “Perdeu. Eu até pensei que ele ia tacar fogo no carro comigo e tudo”, disse um homem.
Ali perto, pouco depois, criminosos fizeram vários disparos contra uma cabine blindada da PM.
“Esses marginais que cometem esse tipo de barbaridade, cada vez vão ter menos opções de esconderijos. Evidente que nós estamos fragilizando muito sob todos os aspectos e isso é uma tentativa de intimidação”, declarou o governador Sérgio Cabral.
A PM já ocupou de forma permanente 12 favelas, com as chamadas Unidades de Polícia Pacificadora, expulsando os criminosos. A especialista em segurança, a socióloga Julita Lemgruber, elogia a iniciativa, mas diz que é preciso avançar.
“Não é possível colocar um policial em cada esquina, mas é possível que a área de inteligência da Secretaria de Segurança aja com rapidez, em primeiro lugar para prevenir novos episódios, e em segundo lugar para evitar a impunidade”.
O governo do Rio informou que vai reforçar o policiamento e manter a atual política de segurança. “O que vai melhorar a situação no Rio de Janeiro é tirar o território dos marginais. Isto sim vai melhorar e já está melhorando. Agora isso não é mágica. São 40 anos de total abandono e o Estado precisa retomar e está retomando a ponto de mexer com interesses de grupos que estão instalados há muito tempo”, declarou José Mariano Beltrame, secretário de Segurança – RJ.