Para a antropóloga Jaqueline Muniz, os ataques indicam enfraquecimento da criminalidade. Já a socióloga Julita Lemgruber diz que o trabalho do setor de inteligência da polícia é fundamental neste momento.
Para especialistas em segurança, os ataques em pontos isolados mostram que os criminosos se desorganizaram depois que foram expulsos das favelas ocupadas pela polícia.
Fogo em ônibus, carros em chamas. Bandidos agem encobertos pela escuridão da noite ou em ataques à luz do dia.
“Eu mesmo hoje já nem ia sair de casa com medo, mas como eu tinha que resolver problemas”, disse um senhor.
“Não pode recuar. Se recuar, eles tomam conta”, pediu uma senhora.
A onda de violência gera reações imprevisíveis. Nesta quarta, uma praça no coração de Ipanema foi isolada, cercada pela polícia e durante duas horas as atenções ficaram voltadas para duas caixas. Chegou-se a pensar que escondessem explosivos. O Esquadrão Anti-Bombas até explodiu uma delas.
Só depois de toda a mobilização da polícia é que se descobriu que as caixas faziam parte da promoção de uma agência de propaganda. Era uma campanha publicitária para a divulgação de um produto. É o Rio em dias de muita apreensão. Mas que segue reagindo aos ataques dos bandidos.
“Não tem. Por que se curvar à bandidagem? A gente está sendo conivente com eles”, questionou um homem.
Mas o que querem os bandidos? Os especialistas em segurança pública dizem que as ações são desorganizadas e pretendem apenas intimidar a população. Para a socióloga Julita Lemgruber, o trabalho do setor de inteligência da polícia é fundamental neste momento.
“É possível sim, com informações qualificadas da área de inteligência, você distribuir o efetivo de forma a estar presente em locais onde as informações indicam que são mais vulneráveis”.
Para a antropóloga Jaqueline Muniz, os ataques indicam enfraquecimento da criminalidade. “Eles querem fabricar o pânico, por isso usam do recurso terrorista ao terror. Se eles pudessem ganhar a guerra, eles não precisariam fazer atos de terror, porque eles teriam condições de vitória”.
“A gente sabe que é difícil, a gente sabe que as pessoas ficam também constrangidas de sair à rua, mas, por favor, mantenham as suas rotinas. A gente sabe muito bem onde quer chegar e situações complexas nós vamos ter que enfrentar”, declarou o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.