12/07/2012 – 20h38
Colaboração para a Folha, no Rio
Pesquisa feita pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) da Universidade Cândido Mendes, no Rio, aponta que apenas 49% dos policiais lotados em UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) se consideram adequadamente preparados para o trabalho.
A pesquisa “Unidades de Polícia Pacificadora: o que pensam os policiais” ouviu 885 policiais, de um universo de cerca de 5.000 lotados nas 20 UPPs existentes na cidade. Foi sua segunda edição. Na primeira, em 2010, 63% dos 359 PMs ouvidos afirmavam estar bem preparados para exercer a função.
Os policiais queixam-se da ausência de treinamento em mediação de conflitos, prática de policiamento cotidiano em favelas, procedimentos contra violência doméstica e uso de armamento não letal. O treinamento de tiro melhorou, na opinião deles, 23,7%.
O estudo mostra também que 60% dos policiais gostariam de sair das UPPs para trabalhar em outro setor da PM. O índice revela uma melhoria com relação ao constatado em 2010, quando 70% dos PMs afirmavam que prefeririam trabalhar em outros setores.
Do total de policiais ouvidos, 40,6% queixam-se das condições de trabalho e 34,1% da relação negativa com os moradores das comunidades. Somente dois itens relativos a condições de trabalho foram bem avaliados: escala de trabalho (52%) e relacionamento com os policiais dos batalhões (64%).
Segundo Leonarda Musumesi, uma das coordenadoras da pesquisa, o aumento do índice de escolaridade dos policiais pode tê-los tornado mais críticos em relação ao trabalho. “O número de policiais com ensino superior completo quase dobrou (de 8,4% para 16,2%). Isso pode influenciar no modo de pensar”, disse.
Os dados foram coletados a partir de um questionário com 52 perguntas. A primeira UPP foi implantada em 28 de novembro de 2008, na favela Santa Marta, em Botafogo, zona sul do Rio.