Mapa de votação mostra mudanças em regiões pacificadas e dominadas por milícias
Rio – O mapa de votações dos vereadores revela que, na maioria das comunidades da capital, o exercício da democracia venceu. A renovação na escolha dos candidatos já aparece, mas desponta principalmente nos locais onde já não há domínio do tráfico e, sim, UPP. Em muitos locais onde a presença e imposição de traficantes ou de milicianos ainda é forte, houve renovação, mas candidatos com reduto eleitoral nas comunidades mantêm votações expressivas.
Alcançando o primeiro lugar nas votações em pelo menos cinco comunidades pacificadas, o vereador eleito Paulo Pinheiro (PSOL) credita o bom resultado à um fenômeno: “Sempre tive muito apoio de funcionários e pacientes do Hospital Miguel Couto nas comunidades, mas acho que agora as pessoas têm mais liberdade para pedir votos e escolher candidatos. A pacificação ajuda no sentido de aumentar a democracia”.
OUTRO CAMPEÃO
Com mais de 53 mil votos na capital, Luiz Antônio Chrispim Guaraná (PMDB) foi outro campeão de votos em comunidades pacificadas. Ele teve boa expressão em áreas com UPP, mas também obteve votos onde a milícia exerce influência, como na Zona Oeste. Integrante de família suspeita de envolvimento com a milícia da Zona Oeste, Carminha Jerominho (PT do B) ganhou voto de 2,57% dos eleitores da Carobinha, embora não tenha sido eleita.
Para a socióloga e diretora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, Julita Lemgruber, a mudança existe, mas é preciso analisar mais cada comunidade. “A pulverização de votos em diversos candidatos nas áreas de UPPs demonstra que a imposição do tráfico está diminuindo. As de milícias já sofreram revezes, mas os milicianos têm poder”, avalia.