“Elemento suspeito”. Abordagem policial e discriminação na cidade do Rio de Janeiro

Em tese, qualquer pessoa que circule pelas ruas da cidade está sujeita a ser parada e revistada numa abordagem policial. Mas na prática só alguns serão escolhidos e sabe-se que essa escolha não é aleatória, e sim assentada em critérios prévios de suspeição. A pesquisa quantitativa e qualitativa cujos resultados são expostos neste artigo ouviu moradores e policiais da cidade do Rio de Janeiro com dois propósitos: primeiro, conhecer a incidência de abordagens policiais em segmentos diversos da população carioca e compreender como essas experiências afetavam percepções e opiniões a respeito do trabalho policial. Segundo, identificar critérios de construção da suspeita por parte dos policiais militares e verificar a possível influência de filtros sociais e raciais na definição das pessoas com maior probabilidade de ser paradas e revistadas pela polícia. Numa e noutra vertente da pesquisa, a combinação entre idade (jovens), gênero (homens), cor (negros) e classe (pobres) – sobredeterminada pela moradia em favela – apareceu como a de mais alta identificação com o que seria o típico “elemento suspeito”, no jargão policial, ou “freio de camburão”, na gíria dos jovens de periferia.

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