Em 2000, o Rio de Janeiro era a segunda unidade da federação brasileira com maior taxa de homicídios por cem mil habitantes, superada apenas pelo estado de Pernambuco. O artigo apresenta inicialmente alguns fatores associados pela literatura ao crescimento da violência letal no estado nos anos 1980 e 1990, tais como expansão do tráfico de drogas armado; forte prevalência masculina e jovem das vítimas; violência doméstica; pobreza e desigualdade; concentração geográfica; coorte etária; ambiente macroeconômico; facilidade de acesso a armas e violência policial. Em seguida, analisa as curvas de homicídios na cidade e no estado, com base nas estatísticas da Polícia Civil e do Ministério da Saúde referentes ao período 1983-2001, e discute algumas interpretações para a súbita queda da taxa por cem mil habitantes em 1995. Por fim, ressalta a descontinuidade das políticas de segurança, o baixo esclarecimento dos crimes, o equívoco da “guerra às drogas”, a falta de controle sobre a circulação de armas e sobre a violência e a corrupção policiais como obstáculos a uma redução expressiva e sustentável dos homicídios na cidade e no estado.