Máquina de moer gente preta: a responsabilidade da branquitude

Os dados apresentados neste relatório revelam os agentes da produção da morte de pessoas negras que estão escondidos. Analisando casos registrados nos sete estados que  a Rede de Observatórios da Segurança monitora atualmente (BA, CE, PE, PI, MA, RJ, SP), questiona-se o papel da branquidade na definição de um tipo de cobertura jornalística  que expõe vítimas como algozes, viola sistematicamente o direito constitucional de presunção da inocência para pessoas negras, manuseia  eufemismos para falar de crimes cometidos por pessoas brancas e reforça uma “naturalização da criminalidade” para indivíduos negros.

Questiona-se também o aparato judiciário que protege e permite a distribuição da morte enquanto política de Estado, agindo de forma central no derramamento de sangue das políticas de segurança pública no Brasil. Sobretudo juízes e promotores têm sido peça chave na continuidade da máquina de morte estatal; eles operam pela garantia do pacto da branquitude: são, em sua maioria, homens brancos, oriundos de famílias ricas, que agem para a manutenção dos seus privilégios brancos, para a máxima criminalização da população negra e a destruição de suas possibilidades de existir e produzir.

O desafio que o relatório impõe é o de apontar como a branquitude tem passado ilesa quando se trata do tema da segurança pública e da violência no Brasil, convocando outros agentes que atuam na área a refletir sobre os sujeitos e instituições que têm agido na perpetuação da violência racial e que nem ao menos são pronunciados. Não pretendemos apenas falar das dores e das perdas sofridas pelas vítimas dessa violência, mas também apontar os beneficiários ocultos do  derramamento do nosso sangue.

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