A obra, que tem apoio da Open Society Foundations e da Ford Foundation, traz uma coleção de artigos, resultado de pesquisas recentes desenvolvidas pelo CESeC sobre vários temas relacionados ao campo da Segurança Pública, Justiça e Direitos Humanos. “Os artigos publicados neste volume são apenas uma pequena fração da produção total do CESeC (…). Embora quase todos se refiram ao Rio de Janeiro, sua relevância se estende a cidades de todo o país que enfrentam os mesmos problemas”, escreveu no prefácio a especialista americana Elizabeth Leeds, presidente honorária do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
No livro, Silvia Ramos analisa as últimas três décadas de políticas de segurança no Rio de Janeiro; Leonarda Musumeci discute o uso das chamadas armas menos letais por forças de segurança e Barbara Mourão e Leonarda Musumeci examinam vários aspectos do programa de Policiamento de Proximidade implantado no Rio de Janeiro desde dezembro de 2008.
O volume ainda traz artigo em que Barbara Mourão apresenta os resultados de uma experiência piloto de mediação de conflitos em centros judiciários; texto de Julita Lemgruber e Márcia Fernandes sobre violações aos direitos constitucionais de pessoas acusadas de tráfico de drogas; e um estudo, desenvolvido pelo CESeC em parceria com a Redes da Maré, sobre a cena de consumo de crack no complexo carioca de favelas.
“O livro contém artigos fundamentais para entendermos as origens do passo atrás que ora testemunhamos. Mas não traz somente diagnósticos; indica caminhos. É obrigatório mencionar, por exemplo, a inovadora perspectiva de gênero. Não foi obra do acaso que todas as peças escolhidas para compor esse mosaico de reflexões sobre o Rio tenham sido escritas por mulheres”, escreve a jornalista Flavia Oliveira, na orelha.
Segundo Flavia, o texto “A face feminina das UPPs”, de Barbara Musumeci Mourão, ” trata explicitamente de uma oportunidade de mudança desperdiçada. A presença de mulheres não alterou os padrões de inserção dos contingentes das forças de segurança. Tampouco ameaçou a cultura de abordagem policial, ainda hoje assentada no terreno do antagonismo, em vez de no campo do diálogo. Nem o comando da segurança nem a tal opinião pública foram capazes de enxergar a via transformadora que se apresentava. Mas ela segue existindo. É o que consola”, completa a jornalista.