Na edição desta quinta-feira, o EXTRA propôs um debate público, ouvindo especialistas, sobre extensa lista de crimes envolvendo policiais no último ano. Preocupados com a imagem da corporação, agentes divulgaram no Facebook uma capa, produzida por eles, com a logomarca do EXTRA e fotos de equipes em ação ajudando as comunidades, salvando bebês e idosos. A capa do EXTRA suscitou amplo debate nas redes sociais. Parte dos leitores defende o debate sobre a violência policial como forma de fortalecer e propor melhorias para o própria corporação outros não aceitam as críticas à polícia.
“Se o Jornal Extra se preocupasse em ver a nossa página, saberia que sim, claro que tem jeito. E nem é difícil. Basta valorizar aqueles que fazem direito, basta aumentar o salário, basta dar dignidade e respeito à profissão, que tem jeito. Erros, todos cometem em qualquer categoria, infelizmente. Mas quando só se busca os erros, eles perdem a oportunidade de conhecer os bons exemplos”, reclamam.
Na reportagem, o jornal buscou especialistas que chegaram a muitas das mesmas conclusões apontadas pelo grupo. Para os estudiosos, é preciso investir em formação dos policiais, melhorar salários e investigar e punir as más condutas. A coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, Julita Lemgruber, enfatizou a importância de investir na categoria:
— É preciso investir no setor, melhorar a formação, aumentar salários, trabalhar na recuperação da autoestima desses policiais.
Para a antropóloga e professora da Uerj Alba Zaluar, denúncias de más condutas existem em todas as polícias do mundo:
— São problemas que existem em qualquer polícia do mundo, e precisam ser combatidos diariamente. O que não pode é ficar impune. Quando policiais são identificados, detidos e processados, eu bato palmas. E as investigações sobre desvios têm avançado, a Secretaria de Segurança vem tendo muito mais firmeza em relação a isso — pontua a antropóloga Alba Zaluar, professora da Uerj.
Já o coronel José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança, vê problemas na formação:
— Existe uma falha tenebrosa na questão da formação. O Rio poderia formar dois mil PMs por ano, mas o número está em sete mil. Isso é péssimo, a preparação não pode ser boa com esse processo industrial. Acaba formando um “policial miojo”, instantâneo, sem qualidade — ressalta
Vários leitores opinaram, abrindo amplo debate sobre o tema. Para o internauta Renato Rios, a polícia acaba incriminada quando o problema é uma estrutura de estado deficiente:
– O que resolve é uma política de segurança decente, o Poder Judiciário funcionar e parar de deixar vagabundo solto e parar de dar qualquer tipo de liberdade em dias festivos. Não sou a favor de violência, mas qualquer coisa que acontece na comunidade sempre é a polícia, nunca é o criminoso. Não se esqueçam que quem se mistura com porcos, o farelo come.
Outros elogiaram a iniciativa de oferecer o debate à sociedade:
– Parabéns ao Jornal EXTRA, pois hoje em dia, quando se fala de casos de corrupção na polícia, as pessoas se doem… mas, quando falam de um bandido morto ou alguém que nem o é, mas é brutalmente assassinado na favela, falam: “Alguma coisa esse aí tinha”. Me enoja o preconceito com o qual essas pessoas tratam quem mora numa comunidade, dá pra sentir de longe – elogiou o leitor Kleyton Oliveira.
Alguns moradores de comunidade também destacaram a importância das denúncias contra os maus policiais:
– Moro em comunidade pobre e tenho medo tanto da PM quanto dos bandidos. Porém aqui é muito mais fácil ser esculachado por PM do que pelos bandidos – disse o leitor José Oliveira.
Outros elogiaram a bravura dos policiais no combate ao crime, enfatizando que os maus policiais são minoria:
– A grande maioria é honesta, defende ou pelo menos tentar defender a sua população, a sociedade, deixam suas famílias em casa, não vêem seus filhos crescerem e o que recebem em troca? Só críticas, xingamentos, ingratidão. Senhores policiais saibam que existem muita gente a favor de vocês, rezando por vocês e gratos a vocês ! E se um dia Deus permitir, serei um deles – disse o leitor Elvis Ribeiro.
A preocupação com pessoas desaparecidas em crimes envolvendo policiais foi outro ponto de debate:
– Muita coisa é forjada aqui no Rio. Quantos casos de gente, como a engenheira Patricia, estão sem solução porque a PM ocultou tudo? Quantas pessoas morrem em tiroteio com bala perdida e a PM classifica logo como bandido? – disse um internauta.