Especialistas em segurança pública questionam contratação de Giuliani

5.12.2009 às 00h00 > Atualizado em 15.12.2011 às 20h35

Analistas criticam política de “tolerância zero” implantada em Nova Iorque.

Rio – A contratação da empresa de consultoria do ex-prefeito de Nova Iorque Rudolph Giuliani para implantar, no Rio de Janeiro, a política de ‘tolerância zero’ contra os bandidos abriu polêmica. Especialistas em segurança pública questionam a eficácia no estado do modelo que, entre 1994 e 2001, conseguiu reduzir drasticamente os índices de criminalidade da cidade americana.

A polêmica começa pelo nome . “O Rio precisa de políticas de inclusão e tolerância. Política de tolerância zero só leva a mais exclusão social e aumenta o preconceito. Não é possível prender um homem que estava fazendo xixi na rua e tratá-lo do mesmo modo que um traficante”, argumenta Silvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC).

Já na avaliação do sociólogo Claudio Beato, do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais, o nome ‘tolerância zero’ é apenas um marketing. “Na verdade esse tipo de política só pretende mandar o recado: aqui existem regras e leis e quem quebrá-las vai pagar pela transgressão. E isso se aplica a tudo e a todos”, explica Beato.

Para o ex-secretario nacional de Segurança José Vicente Filho, esse tipo de política não é indicado para o Rio. “Tolerância zero se aplica em áreas degradadas pela presença intensa de criminosos. Nesses lugares, qualquer irregularidade é prisão. Camelô, flanelinha, vendedor ambulante na praia e traficante e assassino não são iguais. Será um caos”, prevê.

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