Estatísticas mostram que violência no Rio é desigual, diz economista

Segundo ISP, Copacabana e Botafogo estão fora da zona endêmica.
Polêmica surgiu com declaração de secretário de Segurança no Congresso.

 Do G1, no Rio, com informações do RJTV

 

A declaração do secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, de que “o Rio não é violento” continua causando controvérsia, mesmo depois que ele se retratou. Um estudo do Instituto de Segurança Pública (ISP) indicou que a taxa de homicídios na Zona Sul da capital fluminense é menor em comparação às outras regiões.

Segundo o economista Sérgio Besserman, a violência é desigual e, ao mesmo tempo, a impunidade dos homicídios afeta o ambiente de negócios de toda a cidade. Para ele, perguntar ser o Rio é ou não violento esconde outros problemas.

“A violência é distribuída de uma modo muito desigual mesmo. Há áreas violentas e há outras áreas com taxas europeias, mas em alguns crimes que têm influência sistêmica. O controle do território por narcotraficantes ou milicianos se espalha em fotos, se espalha num ambiente de negócios de toda a cidade. A impunidade dos homicídios não esclarecidos, não investigados, afeta o ambiente democrático, um ambiente de negócio de toda a cidade”, disse Besserman.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera zona endêmica de violência os locais onde a taxa anual de homicídios por cem mil habitantes é superior a dez. Limite superado em todos os municípios da Região Metropolitana do Rio, segundo os dados do ISP.

Segundo o levantamento, os bairros da Zona Sul do Rio apresentaram taxas de homicídios, em 2008, entre dois e 12 mortes por cem mil habitantes. Copacabana e Botafogo foram as únicas da cidade que não seriam consideradas zonas endêmicas de violência. No mesmo período, bairros como Santa Cruz, Rocha Miranda e Centro registraram entre 50 e 75 mortes por cem mil.

Nas regiões de segurança da capital, e de Niterói e Itaboraí, na Região Metropolitana, a taxa variou de 20 a 35 homicídios por cem mil habitantes no ano passado.

A situação é pior em outros 11 municípios, como Belford Roxo, Queimados, Itaguaí, São Gonçalo e Nova Iguaçu, onde a variação foi de 38 a 45 mortes por cem mil. Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, teve o pior resultado: quase 66 homicídios por cem mil habitantes.

 

Secretário lamenta declaração

No meio da tarde, o secretário José Mariano Beltrame afirmou, em nota oficial que tem a exata dimensão dos problemas que enfrenta. De acordo com o comunicado, o “secretário fazia considerações gerais sobre as polícias e a criminalidade do Rio de Janeiro”.

No fim do texto, Beltrame aproveita a ocasião para se retratar com os moradores do Rio que sempre apoiaram as suas ações. Na quinta-feira (5), na CPI da Violência Urbana, em Brasília, o secretário havia dito:

“É um número muito pequeno de pessoas para causar um pânico em 16 milhões de pessoas, e para isso correr o mundo. O Rio de Janeiro não é violento, gente. O Rio de Janeiro tem núcleos de violência”, disse o secretário.

O secretário disse, depois, que falava do estado do Rio de Janeiro, e não da capital. Mas especialistas no assunto dizem que, mesmo assim, a afirmação não pode ser entendida como a constatação de que a situação da segurança pública no Rio seja normal.

“Porque na verdade, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, se concentram 13 milhões de pessoas. Quer dizer, a maior parte da população do Rio de Janeiro está na área metropolitana. E na área metropolitana é que a gente encontra altos níveis de violência, praticamente generalizada”, disse a socióloga Julita Lemgruber.

 

Ranking nacional

No ranking nacional da taxa de homicídios, em 2008, o estado do Rio de Janeiro ficou em quinto lugar, segundo pesquisas do Fórum Nacional de Segurança Pública, em parceria com o Ministério da Justiça.

O Rio ficou atrás de Alagoas, Espírito Santo, Pernambuco e Pará, com 33 homicídios por cem mil habitantes. Minas Gerais e São Paulo têm taxas bem menores, 11,1 e 10,8 respectivamente

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