Entre 2008 e 2014, houve redução de 65,5% nos homicídios dolosos e 80,7% nas mortes em operações policiais
RIO — O número de homicídios dolosos (com intenção de matar) diminuiu 65,5% em áreas com Unidades de Polícia Pacificadora no Rio no primeiro semestre de 2014, em comparação com igual período de 2008, ano em que foi inaugurada a primeira UPP na cidade, no Dona Marta, segundo informações divulgadas nesta terça-feira pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Foram analisados dados de 33 UPPs. O relatório de incidências criminais e administrativas referentes às comunidades com UPPs apontou ainda uma redução de 90,72% no número de mortes em operações policiais no período. Os números foram adiantados por Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO.
Outra redução expressiva, de 80,7%, ocorreu nos índices de letalidade violenta (homicídio doloso, latrocínio, homicídio decorrente de intervenção policial e lesão corporal seguida de morte). Já a apreensão de drogas teve alta de 264,4%, e o número de flagrantes subiu 246,2%.
As comunidades Vila Cruzeiro e Cidade de Deus sobressaem-se na redução dos autos de resistência com 23 e 21 casos, respectivamente, em 2008 e nenhum em 2014. Quanto aos homicídios dolosos, a Cidade de Deus foi a que apresentou maior redução: 24 em 2008 e seis em 2014.
Apesar dos números positivos, a cientista social Silvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes, diz que as UPPs enfrentam ainda muitos problemas e destaca três:
— O primeiro é que a Polícia Militar está sozinha em campo, sem apoio do trabalho de inteligência e investigação. O segundo é a falta de canais de diálogo entre a polícia e a comunidade. Por último, a ausência de um programa de reinserção do jovem que largou o tráfico — afirmou Silvia, acrescentando que desvalorizar o confronto e privilegiar a segurança é uma característica da UPP que precisa ser mantida.
A especialista ressaltou que confrontos em áreas de UPP que estão fora de controle podem contaminar regiões onde a situação é estável, como Borel, Salgueiro e até Cidade de Deus:
— Temos que recuperar a sensação de que é possível controlar o crime no Rio.