As estatísticas criminais do Rio mostram que a cidade tem “núcleos de paz”, não de violência, como afirmou anteontem o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame.
Segundo dados do Instituto de Segurança Pública, só duas regiões da capital têm taxa de homicídio abaixo do considerado “nível epidêmico” de assassinatos pela OMS (Organização Mundial da Saúde), de 10 casos por 100 mil habitantes. As duas estão na nobre na zona sul: Copacabana e a área de Laranjeiras, Botafogo e Flamengo.
No Estado, duas estão abaixo do “nível epidêmico”: Teresópolis, na região serrana, e um conjunto de seis pequenos municípios do Norte Fluminense.
A taxa de homicídio em toda a capital foi, no ano passado, de 31,7 por 100 mil habitantes. No Estado, ela alcançou 34,5.
Beltrame disse em audiência na Câmara de Deputados que o Rio “não é violento”, tem “núcleos de violência” e que, em determinadas áreas os índices criminais são “europeus”.
Pelos dados da Metropolitan Police, de Londres, entre setembro de 2008 e de 2009 foram 128 homicídios na região metropolitana da capital inglesa. A taxa de assassinatos é de 1 para cada 100 mil habitantes. As áreas que mais se aproximam desse índice no Rio são as de Copacabana e Leme. A pior taxa da capital está no centro.
A pasta de Segurança divulgou nota ontem se retratando das declarações de Beltrame. O texto diz que ele não quis “maquiar os problemas” do Estado.
“Em certas áreas, os índices são baixos. Mas a 100 metros dali há concentração de crimes violentos em favelas”, diz a socióloga Silvia Ramos.