Na Zona Sul do Rio, que recebe muitos turistas, os roubos a pedestres diminuíram e os homicídios também. A implantação das unidades começou na favela Santa Marta, em Botafogo.
No Rio de Janeiro, onde milhares de moradores vivem há décadas dominados pelo tráfico de drogas ou pelas milícias, um tipo de policiamento implantado há pouco mais de dois anos tem mudado essa realidade.
Sem tiros, sem confrontos. Em menos de duas horas, nove favelas na região central da cidade estavam ocupadas pelas forças estaduais e federais. Agora, serão instaladas três unidades de polícia pacificadora.
As chamadas UPPs levam policiamento permanente, com PMs formados para o projeto, às comunidades antes dominadas por criminosos.
A implantação das unidades começou na favela Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul. Depois vieram Batam, em Realengo, e Cidade de Deus, uma das mais populosas e violentas do Rio, em Jacarepaguá, ambas na Zona Oeste.
O passo seguinte foi ocupar a região de Copacabana, onde ficam os morros da Babilônia e Chapéu Mangueira, Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, além do Tabajaras.
Com três UPPs nessa área e a outra no Santa Marta, a polícia formou um cinturão de segurança na Zona Sul. Os efeitos do novo tipo de policiamento apareceram nos índices de criminalidade.
Na região, que recebe muitos turistas, os roubos a pedestres diminuíram e os homicídios também. A estratégia de ocupação seguiu em 2010 no Morro da Providência, no Centro.
Logo depois, as UPPs chegaram à Zona Norte. Já são seis unidades na região. Na Tijuca, um bairro que há décadas registrava aumento da violência, o número de homicídios e roubos de carros caiu pela metade.
Em novembro, por causa de uma onda de ataques, a Secretaria de Segurança antecipou o cronograma das ocupações e retomou os complexos do Alemão e da Penha. As favelas estão ocupadas pelo Exército e terão UPP nos próximos meses.
E depois da região do Engenho Novo, no domingo foi a vez dos bairros do Catumbi, Estácio e Santa Teresa.
Agora, um cinturão de segurança cerca a região central da cidade. A estimativa é que, ao todo, 657 mil pessoas foram beneficiadas, nas comunidades e nos bairros vizinhos.
No complexo de São Carlos, a Secretaria de Segurança fez o mesmo que em outras ocupações: avisou com antecedência que a ação iria ocorrer. Para as autoridades, só assim os confrontos são evitados e a população fica protegida e mais uma vez os bandidos fugiram para não ter que enfrentar a polícia.
O temor é que os chefes do tráfico nas favelas ocupadas fujam para outros morros, mas a Secretaria de Segurança do Rio garante que monitora as comunidades.
“Dizem que há essa migração, mas se há essa migração eles ainda não repercutem de maneira efetiva, consistente nos índices de criminalidade”, afirmou José Mariano Beltrame, secretário de Segurança – RJ.
A socióloga da Universidade Cândido Mendes Julita Lemgruber defende a ampliação do projeto e da presença do estado nas áreas ocupadas. “Precisamos garantir que as políticas sociais, que os investimentos na área social realmente se efetivem e cresçam nessas áreas. Nós precisamos também expandir essas UPPs para a área da Baixada e da Zona Oeste, onde você ainda tem domínio de tráfico e de milícia”.