O presidente Michel Temer lamentou ontem a morte dos quatro policiais militares na queda do helicóptero que sobrevoava a região da Cidade de Deus. Em duas publicações em sua conta no Twitter, Temer se solidarizou com parentes e amigos e mostrou confiança no trabalho da polícia. Na primeira postagem, dizia: “Lamentável a morte dos quatro PMs que cumpriam o seu dever durante operação no Rio de Janeiro. A minha solidariedade aos familiares e amigos”. Logo após, escreveu: “Reitero minha confiança e apoio ao trabalho das forças policiais, sempre comprometidas no combate ao crime”.
A Anistia Internacional também divulgou nota, destacando a alta letalidade das operações policiais. A organização pediu que as autoridades do Rio repensem urgentemente a política de segurança pública que está sendo implementada no estado e adotem medidas urgentes para respeitar os direitos humanos e garantir a segurança de todas as pessoas durante as operações policiais.
Para o diretor-executivo da entidade no Brasil, Atila Roque, os confrontos armados e os jovens encontrados mortos na Cidade de Deus indicam que há um risco de a situação de segurança pública sair do controle:
— O Rio não pode continuar convivendo com tanta dor. Não podemos continuar assistindo passivamente a perda de tantas vidas, na grande maioria jovens negros, moradores de favelas, como se elas não importassem e fossem descartáveis. E o mesmo deve ser dito em relação à vida dos jovens policiais que morrem nesses confrontos, nessa guerra irracional e totalmente ineficiente no combate ao crime e na garantia da segurança. A perda dessas vidas deveria importar para toda a sociedade e não apenas aos seus parentes. Estamos nos aproximando perigosamente de um estado de barbárie civil, que precisa ser revertido imediatamente.
O governador Luiz Fernando Pezão decretou luto oficial por três dias no estado e, por meio de nota, se solidarizou com os parentes e amigos das vítimas. “Reconhecemos e agradecemos a dedicação da Polícia Militar no combate ao crime e, em especial, dos policiais que perderam a vida no exercício de proteger e defender a sociedade. Expresso meus sentimentos aos parentes e amigos dos militares. Vamos seguir em frente em defesa dos cidadãos fluminenses”, afirmou o governador na nota, sem mencionar os sete corpos encontrados ontem na comunidade.
“MOMENTO SOMBRIO PARA O RIO”
Para a socióloga Silvia Ramos, a crise financeira e política do estado, com a prisão dos exgovernadores Sérgio Cabral e Anthony Garotinho, contribuem para o agravamento do cenário de violência no estado:
— Acho que é um momento muito sombrio para o Rio. A ausência de uma liderança forte na área de segurança pública e do governo do estado, é muito preocupante. Se algo não for feito imediatamente, acho que polícia pode ficar fora de controle. As mortes de quatro policiais e a reação, extremamente violenta, com o assassinato de sete supostos criminosos, são inaceitáveis em qualquer lugar do mundo.
Presidente da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa diz que as cenas deste fim de semana são uma repetição da história do Rio. Ele atribui o clima de insegurança à situação política e econômica do estado:
— A reposta da polícia aumenta a sensação de insegurança de forma brutal, uma vez que pode ser seguida de uma resposta do outro lado. Estamos numa situação difícil, na qual algoz e vítimas se confundem. Se não pensarmos de maneira dialética, seremos levados a cometer injustiças.