A constituição de centros de estudo e ONGs permitiu a reunião de pesquisadores da violência dispostos a transformar a realidade
A partir da década de 80, o Brasil assistiu ao crescimento das taxas de criminalidade quase que em todo País. O aumento da violência contribuiu para formatar um certo estilo de vida, incluindo o medo no dia-a-dia de qualquer habitante das grandes cidades.
Mas em meio às muitas consequências negativas, o fenômeno da criminalidade urbana teve um efeito positivo: provocou uma resposta consistente por parte da sociedade civil.
A constituição de centros de estudo e ONGs permitiu a reunião de “pesquisadores da violência” dispostos a transformar essa realidade. Mais do que isso, promoveu uma saudável aproximação entre a pesquisa acadêmica e a formulação de políticas públicas.
Inovando na abordagem, tais organizações ampliaram o conceito de segurança pública, provando que tratava-se de um tema para além da atuação policial. Ao mesmo tempo, ao se aproximarem das corporações, ampliaram as possibilidades de trabalho conjunto.
Foi nesse contexto que o CESeC (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania) foi criado. Hospedado na Universidade Cândido Mendes, no Rio e Janeiro, o centro desenvolve atividades de pesquisa que subsidiam a formulação de políticas públicas.
Nesta segunda- feira, o CESeC comemora 12 anos e olhar para sua história e conjunto de projetos é uma excelente maneira de entender a evolução da segurança pública no País.
A versão brasileira do “Programa Visitas a Delegacias de Polícia” garantiu ao longo dos anos o reconhecimento e estímulo às boas práticas no âmbito da polícia civil. O projeto “Mídia e violência”, além de monitorar a evolução e qualidade da cobertura jornalística, foi capaz de aproximar os meios de comunicação do debate de especialistas. Diante da nova política de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) implementada no Rio, os pesquisadores do CESeC perceberam a importância de apreender as impressões dos policiais a respeito da experiência.
Não ficam de fora temas pioneiros como a “blogosfera policial” ou atividades com um foco comunitário: acontece no momento o curso “Universidade-Favela”, onde lideranças locais recebem formação sobre mecanismos de acesso à Justiça.
Esses são apenas alguns exemplos que fazem parte de uma longa trajetória da instituição. Mas são suficientes para evidenciar como avaliação e cooperação, crítica e inovação devem andar juntas em se tratando de políticas de segurança.
Se os índices de violência ainda não nos dão motivos para comemorar, a diversidade e qualidade das intervenções por parte da sociedade civil, como é o caso do CESeC, certamente são motivos de celebração.