A pesquisadora de segurança pública, Silvia Ramos, do Cesec (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania), da Universidade Candido Mendes, me informou agora à noite que deu uma entrevista à imprensa nessa noite de domingo, na qual fez as seguintes propostas sobre o caso da tortura contra jornalistas, praticada por uma milícia da Zona Oeste do Rio:
1. Que o governo e a Secretaria de Segurança dêem uma “resposta exemplar” para este caso. Mas resposta exemplar não apenas punindo os envolvidos no episódio do Batan, mas criando uma nova determinação de que comandantes de batalhão são diretamente responsáveis por atividades ilegais de seus policiais nas áreas do BPMs (ainda não houve uma mensagem explícita da secretaria de que comandos consideram milícias mais deletéreas do que traficantes);
2. De que uma resposta única dos meios de comunicação seria mandarem para o Batan equipes de reportagem para fazerem uma grande reportagem sobre a ação das milícias no local. Algo – segundo Sílvia – que sinalizasse uma “resposta” dos jornais à “mensagem” que milícias enviaram para a imprensa, o governo e a sociedade.
Mais ou menos como o Projeto Arizona, que mencionei no post abaixo. Eu concordo com a Silvia. A Secretaria de Segurança deve aplicar o princípio da responsabilização (acountabillity, como chamam os americanos, em que se chega à cadeia de responsabilidades por um crime envolvendo agentes do Estado). Se os comandantes dos batalhões, oficiais do Corpo de Bombeiros e delegados de polícia forem cobrados das ilegalidades praticadas por subordinados, alguma coisa de positiva vai acontecer.
Ou a imprensa mostra à sociedade que vai enfrentar esse abuso com vigor ou a sociedade, especialmente moradores de comunidades dominadas pelo tráfico ou pelas milícias, vai reagir ainda menos a esse tipo de crime, temerosa das conseqüências. A imprensa precisa dar uma resposta a esses grupos armados, fazendo o que melhor sabe fazer: jornalismo investigativo de qualidade, para ajudar a polícia a ver o que ela às vezes não quer ver.
Para o governo do estado, não resta dúvida de que o caso é da maior gravidade. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, deu até coletiva sobre o assunto, em pleno domingo de folga. Um tanto envergonhado ele confirmou a participação de policiais no grupo que torturou a equipe do jornal O Dia. Disse que alguns já foram identificados e que faltam provas para prendê-los.
Agora gostaria de ver hoje o governador Sérgio Cabral Filho manifestando o mesmo rigor com que costuma se dirigir aos bandidos sem farda, dizendo que não vai recuar. Mas, sinceramente, não quero ver a polícia matando nenhum miliciano. Apenas prendendo-os para que sejam expulsos de suas corporações, suas famílias não tenham direito a qualquer pensão do Estado e que sejam condenados pela Justiça a um bom tempo de cadeia fechada, de preferência em presídios comuns, com traficantes.