Retrato da insatisfação

Em pesquisa, PMs de UPPs fazem avaliação ruim de condições de trabalho

A insatisfação de policiais com as condições de trabalho nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Complexo do Alemão também apareceu numa pesquisa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Candido Mendes divulgada este mês. Realizado com 885 policiais de 20 UPPs, o estudo foi coordenado pelas pesquisadoras Bárbara Soares, Julita Lemgruber e Leonarda Musumeci.

Segundo a pesquisa, apenas dois itens relativos a condições de trabalho listados no questionário foram avaliados como bons pela maioria dos policiais: escala de trabalho (52%) e relacionamento com policiais de batalhões (64%). Em todos os outros, a avaliação “bom” foi francamente minoritária: salário (6%), pontualidade da gratificação (6,3%), auxílio para transporte (1,5%) e para alimentação (12,3%).

Também foram ruins as avaliações para assistência psicológica — apenas 14,6% a consideram boa —, assim como para a assistência médica (19,3%), local para refeições (22%), dormitórios (7,4%) e sanitários (22,2%). Na pesquisa, quando o policial foi perguntado sobre a pior coisa do trabalho na UPP, as respostas mais frequentes foram as condições de trabalho (40,6%) e a relação negativa com a comunidade (34,1%). Apesar de tudo, 46,2% dos policiais entrevistados se sentem satisfeitos por  trabalharem em UPPs.

Julita Lemgruber e Leonarda Musumeci explicaram que, em relação a outra pesquisa feita em 2010, aumentou a presença de mulheres no conjunto da tropa das UPPs. O percentual passou de 0,8% para 11%. Também cresceu o número de policiais com curso superior completo ou incompleto, passando de 37% para 47%.

Para os policiais, piorou a preparação que recebem para atuarem nas UPPs: em 2010, 63% deles se consideravam adequadamente preparados para trabalhar numa UPP, enquanto em 2012 o percentual caiu para 49%. Eles se consideraram pior instruídos em mediação de conflitos, prática de policiamento em favelas, atuação em caso de violência doméstica e uso de armamento menos letal. Segundo o trabalho do Cesec, aumentou ainda de 24% para 43% o percentual de policiais que percebem o tráfico como ocorrência muito frequente.

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