Levantamento contabilizou vítimas de 2019 com cor determinada. A classificação de negros representa a soma das vítimas declaradas pretas ou pardas. Vítimas classificadas com cor ‘não informada’ não foram somadas.
Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (9) mostra 86% das pessoas mortas em operações policiais no Rio de Janeiro são negras.
O estudo da Rede de Observatórios de Segurança Pública leva em consideração os óbitos contabilizados no ano de 2019 durante intervenções de agentes do estado.
O RJ teve 1,8 mil vítimas que morreram durante a intervenção de forças policiais no último ano. Deste total, 1,4 mil eram negros, soma de pessoas pretas e pardas. Além disso, 159 não tiveram cor determinada. Os dados do estudo foram obtidos através da Lei de Acesso a Informação (LAI).
A proporção aponta que as mortes são causadas na maior parcela da população, já que negros representam 51,7% dos moradores do estado, segundo o Censo 2010 do IBGE.
A coordenadora do Observatório da Segurança, socióloga Sílvia Ramos, afirmou que as estratégias de polícia implementadas no RJ são racistas. As mortes de negros, segundo ela, são a ‘ponta de um iceberg’.
“O número de negros mortos pela polícia apresenta dados extremamente graves, preocupantes e até assustadores. Quando nós vemos que 51% da população do RJ é constituída de negros, mas 86% dos mortos pela polícia no ano passado são negros, nós vemos que existe uma desproporção e uma ‘racialização’. Estratégias de polícia que são racistas”, afirmou Sílvia.
O estudo também analisou a situação de outros estados como Bahia, Ceará, Pernambuco e São Paulo.
“O que nós vemos é uma vitimização absolutamente desproporcional e ‘racializada’. Um tipo de estratégia policial que é, francamente, racista e dirigida contra negros. Não são só as mortes, mas toda a atividade policial é dirigida contra negros. As mortes são a ponta do iceberg”, completou a pesquisadora.
O que dizem os citados
O G1 procurou a Polícia Militar e foi informado que a “política de segurança do Governo do Estado do Rio de Janeiro é baseada em inteligência, investigação e tecnologia das polícias Civil e Militar”.
De acordo com a administração estadual, as operações são feitas com o objetivo de localizar criminosos e apreender armas e drogas. Todas ações seguem, de acordo com a nota do Governo do RJ, determinações legais, priorizando sempre a preservação de vidas, tanto de policiais quanto dos cidadãos.