Desmilitarizar: segurança pública levada a sério

Se você acha que não entende de segurança pública, leia este livro. Se está convencido(a) de que entende tudo sobre segurança pública, leia este livro

Acaba de sair pela Boitempo Desmilitarizar: segurança pública e direitos humanos, de Luiz Eduardo Soares. Se você acha que não entende de segurança pública, leia este livro. Se está convencido(a) de que entende tudo sobre segurança pública, leia este livro. Se sente que a violência e a insegurança tomaram conta do Rio de Janeiro e do país e que as políticas adotadas pelos governos não estão dando resultado, você tem mais um motivo para ler este livro.

Luiz Eduardo Soares reúne nessa obra textos que trazem uma reflexão profunda e amadurecida sobre o tema. Não apenas fruto de um saber acadêmico sofisticado, que consegue pensar propostas inovadoras e sugerir saídas para os dilemas aparentemente insolúveis do nosso sistema de Justiça Criminal, mas também resultado de experiência concreta. Luiz Eduardo colocou a mão na massa, literalmente, ocupando cargos de gestão, assumindo graves responsabilidades e correndo sérios riscos para implementar suas propostas de mudança.

O livro trata de uma variedade de assuntos indispensáveis para o debate sobre segurança e justiça, incluindo reforma policial e política de drogas, jamais negligenciando o racismo estrutural e a desigualdade como determinantes na análise dos problemas da violência criminal e institucional no Brasil.

Compartilhei com Luiz momentos dramáticos da segurança pública do Rio de Janeiro, fazendo parte da equipe liderada por ele, em 1999 e 2000, no governo do estado. Vi muito de perto como é possível pensar, planejar, agir e transformar, mesmo numa área das mais resistentes à mudança. Com seu otimismo contagiante, ele sempre manteve e infundiu a convicção de que é possível controlar o crime e garantir a segurança respeitando os direitos de toda a população, rica ou pobre, moradora da favela ou do asfalto.

Vive-se hoje, no estado do Rio e no país, uma regressão absoluta, com ataques frontais aos valores que nortearam a trajetória do autor deste livro, a minha e a de muitos outros pensadores e ativistas da área da segurança e da defesa de direitos. O covarde assassinato de Marielle Franco em março de 2018 ficou e ficará como ícone da instalação da barbárie e da ameaça de destruição dos mais básicos fundamentos da democracia.

Há pouco espaço para otimismo, mas a leitura desta obra é alentadora ao mostrar os caminhos que algum dia, esperamos, voltarão a ser trilhados.

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