A matança promovida no Jacarezinho, no Rio de Janeiro, precisa escandalizar a sociedade
Podem chamar de “operação mais letal da história”, mas o que vimos nesta quinta-feira (6) deve se confirmar como a maior chacina da história do Rio de Janeiro, com possíveis mais de 30 mortos e 25 oficialmente já confirmados. Um desastre, um terror como nunca vi no Jacarezinho.
Por volta das 6h da manhã, o celular já apitava com relatos de moradores no WhatsApp, Twitter e Facebook sobre a operação que começava. Os jornais matinais de televisão repercutiam a operação como se fosse uma luta do bem contra o mal —sendo a polícia, o bem, é claro.
O resultado disso é o que vemos, uma chacina. Não existe outro nome. Já presenciei operações com a ajuda das Forças Armadas por aqui e nada se comparou a isso. Não pode ser considerado normal. A matança promovida na favela do Jacarezinho precisa escandalizar a sociedade; o Supremo Tribunal Federal precisa punir esses agentes, que continuam a desobededer às ordens.
Supostamente, não temos pena de morte no Brasil, mas, ontem à tarde, andei pelos becos e vielas do Jacarezinho e tudo que pude ver foi sangue, tristeza e indignação. Supostamente, não temos pena de morte, mas, até agora, já temos oficialmente 25 mortos em uma única favela do Rio de Janeiro em um dia.
As sequelas que ficam são imensas. Vários estabelecimentos destruídos, canos estourados, fios cortados, prejuízos financeiros para moradores e comerciantes e, o pior disso tudo, o adoecimento psicológico. As sequelas que as pessoas expostas a essa violência podem desencadear são incalculáveis.
Não poderia encerrar sem responsabilizar e dar nome ao governador Cláudio Castro (PSC), sucessor do “mira na cabecinha” Wilson Witzel. Apesar de não dar declarações em público exaltando a violência policial, como fazia seu antecessor, Castro tem um governo com um número de mortes absurdamente maior do que o de Witzel.