Os candidatos a deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ) e Daniel Silveira, candidato a deputado federal pelo (PSL-RJ) arrancam uma placa feita em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no início do ano.
Rodrigo Amorim, aliado próximo do candidato ao Senado Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável Jair Bolsonaro, Amorim afirmou que o objetivo foi protestar contra a “bagunça socialista”. A placa era uma réplica não-oficial de indicação de rua no Rio de Janeiro e foi colocada sobre a da praça Floriano, nome oficial da Cinelândia, onde fica a Câmara dos Vereadores.
“O episódio da Marielle é tenebroso. Foi um crime bárbaro. Tem que ser investigado e os assassinos banidos da sociedade, seja na cadeia ou cemitério. Mas ela é só mais uma brasileira entre 60 mil vítimas de homicídios. Não pode ter tratamento diferenciado”, disse ele.
“Foi uma ação em represália aos grupos de esquerda que colocaram à revelia da lei uma placa nos moldes das indicativas de rua e colaram arbitrariamente, abusivamente, ilegalmente por cima da placa da praça Floriano”, disse ele.
A retirada ocorreu no domingo (30) à noite. No dia seguinte, Amorim e Silveira levaram a placa ”feita de papel” para Petrópolis, Rio de Janeiro, onde foi fotografado com ela rasgada ao meio. Ele afirmou que o cartaz foi danificado no momento da retirada, embora o vídeo em que ele divulga a retirada do poste aparece apenas um rasgo na ponta.
“Na hora de tirar a placa ela partiu. No dia seguinte, narramos esse ato num discurso contra a esquerda e mostramos a placa. Nem sei onde está mais. Não sei se está no lixo”, disse ele.
Assista ao vídeo
O CRIME
Marielle foi morta a tiros na noite de 14 de março, junto com seu motorista Anderson Gomes, quando saia de um debate na Casa das Pretas, no Centro do Rio de Janeiro. A vereadora e seu motorista foram mortos cerca de um mês depois do início da intervenção no Estado. Marielle havia sido nomeada relatora da comissão criada na Câmara Municipal para monitorar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Seu posicionamento era contrário à intervenção e à política de militarização da segurança pública.
RESPOSTAS
O assassinato da vereadora do PSOL e ativista de direitos humanos Marielle Franco irá completar sete meses no dia, 14, sem nenhuma resposta sobre quem foram os autores do crime, os mandantes e a motivação. Toda a investigação é cercada de mistério. As poucas informações divulgadas ou vazadas indicam que o assassinato foi um crime sofisticado, cuidadosamente planejado, e pode ter tido a participação de agentes do Estado e das forças de segurança.
A viúva de Marielle, a arquiteta Mônica Benício, denunciou a demora na solução do crime na 39ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, no dia 20 de Setembro, em Genebra, na Suíça.
A denúncia à ONU foi feita durante o evento “Militarização da segurança pública: intervenção federal no Rio de Janeiro, execuções extrajudiciais e riscos para defensores de direitos humanos”, que reuniu também representantes da Anistia Internacional, Redes da Maré e Observatório da Intervenção, entre outras ONGs. Os especialistas denunciaram também “o quadro de violações sistemáticas de direitos humanos” em sete meses de intervenção federal na segurança.
“Está na hora de subirmos um pouco o tom”, afirmou a coordenadora do Observatório da Intervenção, Sílvia Ramos Amorim “Temos falado muito aqui para dentro, com os jornais daqui, com as autoridades
locais; está na hora de ampliar a questão.”
Diretora das Redes da Maré, a educadora Eliana Souza Silva também faz parte da comissão que foi a Genebra. “Vamos tentar chamar atenção para a falta de resposta em relação a esse crime político”, disse. “Vamos tentar não deixar que essa questão seja esquecida, é mais uma tentativa de dizer que estamos nesta luta para que esse crime seja esclarecido.”
(*) Com informações da Folhapress