Relatório destaca que agentes da lei continuam praticando torturas e execuções. Ação de grupos de extermínio e de milícias também é apontada como motivo de preocupação.
A Anistia Internacional divulgou nesta quarta-feira (23) o relatório anual dos direitos humanos. A edição referente ao ano de 2011 avaliou 41 países.
O relatório aponta algumas conquistas, como a criação da Comissão da Verdade, para investigar crimes cometidos durante o regime militar, e as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro. Mas apesar de avanços nas políticas de segurança pública, a Anistia Internacional chama a atenção para a violência policial no país. O relatório destaca que agentes da lei continuam a praticar torturas e execuções. A ação de grupos de extermínio e de milícias também é apontada como motivo de preocupação.
Dois casos emblemáticos foram citados: o assassinato da juíza Patrícia Acioli, em agosto, na região metropolitana do Rio, em que policiais são acusados do crime e a execução do menino Juan Moraes, de 11 anos, morto por PMs, em junho, na Baixada Fluminense.
“No ano de 2011, em todos os EUA, foram mortas pela polícia 137 pessoas. Só Rio de Janeiro e São Paulo tiveram quase mil mortes provocadas pela polícia. Quer dizer, os números são muito gritantes, são muito impressionantes, são vergonhosos”, opina a antropóloga Julita Lemgruber.
Superlotação, agressões e torturas. As condições nos presídios também são criticadas. No campo, a violência vem dos conflitos de terra. Ameaças e assassinatos, na maioria das vezes, sem punição.
“No Brasil, historicamente, a cultura da impunidade tem imperado. São 1.610 assassinatos nos últimos 26 anos com 92 julgamentos”, afirma o representante da Comissão Pastoral da Terra, Diogo Cabral.
“O protagonismo do Brasil não pode ser desejado e almejado apenas na esfera econômica e na esfera dos negócios. Ele deve ser almejado também na esfera da promoção de princípios e de valores de defesa dos direitos humanos”, diz o diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, Atila Roque.