O governador Sérgio Cabral está em visita à Colômbia. Ele e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, foram conhecer os programas implantados pelo governo daquele país, que conseguiram reduzir os índices de criminalidade.
O governador Sérgio Cabral participou de um encontro com o ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa. O ex-prefeito está contanto algumas experiências que mudaram a vida da capital colombiana – não só com relação à questão da segurança, mas também ações para levantar a auto-estima dos moradores da cidade.
Depois da reunião, o governador Sérgio Cabral, acompanhado pelos governadores José Roberto Arruda, do Distrito Federal, e Aécio Neves, de Minas Gerais, vai a um bairro da periferia para ver de perto um dos projetos que ajudaram Bogotá a reduzir os índices de criminalidade.
A Colômbia, que chegou a ser um dos países mais violentos da América Latina, é considerada hoje modelo de como diminuir os índices de criminalidade. Segundo o IBGE, o Rio de Janeiro é o estado mais violento do país e a cidade do Rio tem o quarto maior índice de crimes todas as capitais do Brasil.
Brasil e Colômbia são países vizinhos – Rio e Bogotá têm problemas semelhantes. Duas cidades marcadas pela violência e pelo tráfico de drogas. A diferença é que nos últimos 13 anos, a Colômbia conseguiu reduzir os índices de criminalidade.
Na capital, o número de homicídios caiu de 80 para 24 mortes, por ano, a cada cem mil habitantes. No estado do Rio de Janeiro, as políticas de segurança praticamente não surtiram efeito neste índice. Eram 56 mortes para cada cem mil. A queda foi pequena: o índice fechou em 53,1, no ano passado.
A experiência colombiana virou exemplo na América Latina e motivou a viagem do governador Sérgio Cabral à Colômbia.
Várias medidas foram adotadas em diferentes cidades colombianas:
- desarmamento da população;
- lei seca de áreas de alta criminalidade;
- restrição de menores na rua desacompanhados, à noite;
- demissão de 2 mil policiais suspeitos de envolvimento em corrupção.
Para o pesquisador Gláucio Soares este é um dos pontos mais importantes. Segundo ele, a qualificação da polícia deve vir em primeiro lugar. “Baseado na experiência de outros lugares, a melhor aplicação da ciência policial é o que produz resultados a curto e médio prazos. A longo prazo, temos que pensar em investimentos sociais”, avalia.
Não foi só com reforço no policiamento que a Colômbia se tornou exemplo. Foi uma combinação de repressão ao crime e investimento em infra-estrutura. Nas favelas, por exemplo, a polícia chegou primeiro. Em seguida, vieram as melhorias. As ruas, avenidas, escolas, iluminação e hospitais. A cidadania veio logo depois.
Para a pesquisadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania Sílvia Ramos, estas são medidas que devem ser aplicadas no Rio. Mas para ela, a Colômbia tem uma lição ainda mais importante a ensinar.
“A crise, às vezes, inspira a idéia, por exemplo, da união – de que todas as mortes de violência no Rio de Janeiro importam com a morte seja da classe média, seja da favela; seja dos brancos, seja dos negros. Essa é idéia – se importar com o que acontece em um bairro distante, com quantos foram mortos naquele mês, fazer tudo que estiver ao alcance para reduzir esses homicídios e de que é possível melhorar a polícia e trabalhar em cooperação com ela. A Colômbia hoje é uma espécie de lugar para o qual a gente olha para dizer: tem jeito e é possível melhorar”, afirma a pesquisadora.