Os traficantes que torturaram e mataram três jovens de uma favela do Rio ainda estão em liberdade 17 dias depois do crime. Até agora, só estão presos os 11 militares acusados de entregar os rapazes aos bandidos.
São dois inquéritos para investigar o crime. O que trata da participação dos militares do Exército foi concluído e já está na Justiça.
Eles faziam parte da tropa que cuidava de obras no Morro da Providência e estão presos. São acusados entregar três jovens a traficantes de outra favela, a Mineira.
No outro inquérito, sobre os bandidos que torturaram e deram mais de 40 tiros nos jovens, ainda não houve prisões
O Morro da Mineira, onde os jovens foram mortos, segundo a investigação policial, é uma favela considerada pequena. Tem apenas 6,5 mil moradores, segundo o último censo. Fica próxima de algumas das avenidas mais movimentadas da cidade, passagem obrigatória para grande parte da população.
Na região central do Rio, nas imediações, estão a Secretaria de Segurança, a chefia de polícia e vários quartéis da Polícia Militar. Nesta terça-feira, 17 dias depois do crime, ainda não houve nenhuma ação policial visível na favela para tentar prender os traficantes assassinos.
Segundo o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, quatro traficantes participaram diretamente dos assassinatos. Três já estariam identificados, mas os nomes não podem ser divulgados para não atrapalhar as investigações. Os assassinos teriam seguido as ordens do chefe do tráfico do morro.
“A polícia vai entrar onde os autores estiverem, independentemente de ser na Mineira ou não. O que nós não vamos agir é sem informações concretas e objetivas que nos permitem apresentar a eficiência com transparência das ações da polícia”, declarou Beltrame.
Mas a especialista em segurança, a socióloga Julita Lembruger, teme que as mortes entrem na lista dos crimes impunes. “È a tônica do dia-a-dia do trabalho da polícia. A incompetência para investigar homicídios no Rio de Janeiro. Sabe-se que cerca de 1,5% dos homicídios são esclarecidos nesse estado. Na Inglaterra, se esclarece 90% dos homicídios”, explica a socióloga.
O governador do Rio, Sérgio Cabral, diz que a polícia está agindo. “Por mim, estavam presos já. Mas a polícia não faz mágica. A polícia está investigando e vai prender”, afirmou Sérgio Cabral.