Os casos de feminicídio aumentaram em 13% no Estado, totalizando 31 ocorrências nos nove primeiros meses de 2019
De janeiro a setembro deste ano, o número de homicídios dolosos (nos quais há a intenção de matar) caiu pela metade no Ceará (52,2%) em relação ao mesmo período de 2018. Em contrapartida, os casos de feminicídio aumentaram em 13% no Estado, totalizando 31 ocorrências nos nove primeiros meses de 2019. Os dados são da pesquisa Retratos da violência – cinco meses de monitoramento, análises e descobertas, lançada na tarde desta quinta-feira (21) na Assembleia Legislativa do Estado. O relatório é o primeiro monitoramento da Rede de Observatórios da Segurança, que no atuou por meio do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará.
A pesquisa aponta declínio em mais dois indicadores: o número de mortes pela polícia (diminuiu 31,7%) e o de crimes violentos contra o patrimônio (caiu 46,1%). A quantidade de estupros, no entanto, aumentou em 7,4%, totalizando 1.478 denúncias no Estado de janeiro a setembro deste ano. O Prof. César Barreira, coordenador do LEV, explica que, no Ceará, os dados mais alarmantes são os relativos à violência contra jovens mulheres, bem como a crueldade com que são praticados.
“Os dados de violência contra a mulher não predominam quanto aos dados de violência contra homens, mas é muito relevante o fato de que está crescendo o número da violência contra jovens mulheres e, principalmente, os atos de crueldade que existem nesses casos. A crueldade é um dado novo e tem que ser dissecado”, explica Barreira.
A socióloga Ana Letícia Lins, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFC e pesquisadora da Rede e do LEV, enfatiza que as situações que necessitam de maior atenção, além da violência sofrida por mulheres, são as que envolvem operações policiais, feminicídios e ataques de grupos criminosos. Os dados que mostram esses indicadores foram coletados em pesquisas realizadas nas redes sociais, páginas oficiais dos órgãos de segurança pública e em sites de notícias.
Para Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observações da Segurança, mais importante do que compilar todas essas informações é transformar os índices em ações que cheguem à comunidade. “Nós viemos para o Ceará para conversar com as mães, com as mulheres que lutam contra a violência. Então, esse tipo de interlocução é tão ou mais importante do que a nossa com pesquisadores e com parlamentares. A gente entende hoje que fazer pesquisa em segurança é pesquisa e ação.”(Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC )