Nos primeiros nove meses de 2019, a polícia do Rio de Janeiro matou 1.402 pessoas, segundo dados oficiais do governo do estado. É um aumento de 18,5% em relação a 2018, ano da intervenção federal na segurança pública do Rio, como mostra o relatório “Retratos da violência”, da Rede de Observatórios da Segurança, que pesquisou dados de cinco estados. Também foram registradas 34 chacinas policiais (operações com três ou mais mortos) que resultaram em 123 mortes múltiplas no primeiro semestre de 2019. “Não temos uma política de segurança no Rio de Janeiro, temos uma política de polícia”, afirma a socióloga Silvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) da Universidade Candido Mendes.
O governador Wilson Witzel (PSC) extinguiu a Secretaria de estado de Segurança Pública assim que assumiu. Disse que as secretarias das polícias Civil e Militar dariam conta de resolver as questões da área e que a mudança aproximaria as duas corporações. Mas não é bem assim. O foco da atuação na segurança se voltou para as operações policiais – que geram violência e mortes -, dando menos prioridade para atividades de inteligência e programas de prevenção. “O que as polícias sabem fazer é operação e patrulhamento. No patrulhamento pode ou não ocorrer violência. Nas operações a violência é certa”, alerta Silvia. É como se o governo do Rio tivesse optado por radicalizar o pior das políticas públicas anteriores.