Estudo da Rede de Observatórios de Segurança indica que entre as vítimas policiais com cor identificada, 86% eram negras; na Bahia, pretos e pardos são 96,9% das vítimas
Rio – O alvo da violência policial no Brasil e no Rio de Janeiro tem cor. É o que aponta o relatório ‘A Cor da Violência Policial: a bala não erra o alvo’, lançado nesta quarta-feira pela Rede de Observatórios de Segurança. Utilizando dados de 2019 divulgados pelas secretarias de Estado, o documento indica que, no Rio, dos mortos pela polícia com cor identificada, 86% são negros.
O estado do Rio somou 1.814 vítimas de intervenção policial no ano passado. Desses, 1.423 são negros, 231 brancos e outros 159 não tiveram cor informada. No grupo de identificação negra, os dados de pretos (518) e pardos (905) foram somados.
A Rede de Observatórios afirma no documento que a proporção entre a população negra no estado (51% dos habitantes) e as vítimas de violência policial (86% dos alvos eram negros) “choca”.
“Com esses dados podemos mostrar que não é um viés racial, não é excesso de uso da força, não é violência policial letal acima do tolerado, é racismo. Quando analisamos a violência policial nós não conseguimos contabilizar abordagens violentas, espancamentos, humilhações do dia a dia, mas conseguimos contar os corpos empilhados nessas ações”, explica Silvia Ramos, coordenadora da Rede.
Na Bahia, negros são 96,9% das vítimas policiais
A Rede de Observatórios também se debruçou sobre os dados das secretarias estaduais de São Paulo, Ceará, Pernambuco e Bahia. Os números do território baiano são os mais assustadores: 96,9% dos mortos pela polícia em 2019 eram negros e 3,1% eram brancos – das 650 vítimas, 474 eram negras. A população de pretos e pardos no estado soma 76%. No Ceará, os negros foram 87,1% entre os mortos pela polícia; em Pernambuco, 93,2%; em São Paulo, 62,8%.