Resumo: Apresentado como Tese de Doutorado em Sociologia, o trabalho focaliza o universo cultural e institucional da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. O problema de fundo é a constatação de que o policiamento ostensivo pressupõe grande espaço de manobra decisória dos policiais de ponta no atendimento a eventos insólitos, variados e emergenciais, o que, por um lado, não encontra tradução na racionalidade jurídica e, por outro, tem correspondido a uma zona cinzenta do trabalho policial, permanecendo pouco visível para as corporações e para a sociedade. A primeira parte da tese analisa elementos da história, do modelo e das culturas institucionais de polícia ostensiva, com ênfase no aspecto formal e organizacional. A segunda busca apreender, por meio de casos e representações colhidos na etnografia, processos informais que ocorrem no cotidiano policial e identificar fatores que concorrem para a formação de uma “cultura policial das ruas”. A discricionariedade e a baixa visibilidade evidenciam o desafio posto para a prática policial ostensiva: conciliar, em condições de incerteza e risco, os princípios da legalidade e legitimidade que caracterizam a vigência do estado de direito.

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