Segundo pesquisa do Centro de Estudos em Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, 37% dos cariocas concordam com a frase “Bandido Bom é Bandido Morto”. Mais de 2,3 mil pessoas foram ouvidas na pesquisa “Olho por Olho? O que pensam os cariocas sobre ‘bandido bom é bandido morto'”. Um a cada três concordam total ou parcialmente com a frase, enquanto 2% ficaram neutros e 1% preferiu não opinar. Sessenta a cada 100 cariocas discordam da frase.
“Sem duvida, 37% é um número muito alto, mas o número do Rio de Janeiro foi até menor do que a média nacional”, disse Julita Lemgruber, coordenadora da pesquisa, realizada pelo Centro de Estudos em Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes. Pesquisa anterior do DataFolha encomendada pelo Fórum de Segurança Pública, indicava que pelo menos 50% brasileiros apoiavam a frase.
Entre os cariocas que concordam com a frase, 38% acham que só a Justiça deveria matar os bandidos; 31% acreditam que só a polícia deve matá-los e 6% dizem que esse poder pertence somente às próprias vítimas, a seus familiares ou às pessoas em geral. De acordo com a pesquisa, pessoas assaltadas nos últimos 12 meses se sentem mais propensas a concordar com a frase.
Entre os religiosos, o percentual desfavorável à pena de morte é alto: 73,4% discordam, como foi publicado na coluna de Ancelmo Góis em O Globo. “A recusa da morte não parece traduzir aí uma postura liberal-democrática de defesa do direito à vida, mas, como se verá, sobretudo o contato muito frequente com ambientes religiosos, em especial com os de matriz evangélica, nos quais é maior a crença na ressocialização de “bandidos” e provavelmente também no postulado de que só Deus dá a vida e só Ele pode tirá-la.”, diz um trecho da pesquisa.
Outros números ligados ao tema, como os linchamentos e a “Justiça com as próprias mãos”, mostram que o percentual de entrevistados que discorda total ou parcialmente dos linchamentos é de quase 75%, contra 22% que concordam totalmente com a frase. Entre os que consideram o linchamento justificável, as proporções de adesão variam conforme o tipo de crime: 95% apoiam-no para estupradores; 79% para assassinos; 52% para agressores de mulheres; 50% para assaltantes; 49% para corruptos; e 41% para traficantes de drogas.
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A participação dos direitos humanos
Segundo os próprios pesquisadores, é necessário que os movimentos de direitos humanos mudem sua postura e sua linguagem para atingir maior capilaridade na sociedade.
“A gente deve admitir que esse termo, direitos humanos, foi mal compreendido nas últimas décadas. O que podemos mostrar nessa pesquisa é que há caminhos. A maior parte das respostas não é de apoio à violações de direitos”, disse Julita Lemgruber, organizadora da pesquisa.