Projeto pioneiro em carceragem do estado está entre os premiados
Um dos contemplados com o Prêmio Polícia Cidadã, o delegado Orlando Zaccone disse que o projeto Carceragem Cidadã, desenvolvido por ele na 52ª DP (Nova Iguaçu), fez valer os direitos dos presos, muitas vezes vistos pelos policiais somente como inimigos.
– Valorizamos o diálogo com respeito, fazendo valer os direitos dos presos. Não estamos fazendo favor. Eles foram presos por descumprir as leis, mas, dentro das carceragens, não podemos descumpri-las. Eles têm direito à assistência médica e à educação – argumenta o delegado.
Entre as mudanças implementadas pela equipe de Zaccone na carceragem de Nova Iguaçu estão a inauguração de uma biblioteca, a criação de uma escola municipal, o mutirão da saúde, o apoio psicológico e o estabelecimento do direito de voto para os presos provisórios dentro da carceragem.
Batalhão de Friburgo: ações reconhecidas no interior do estado
Antes da reforma, o reconhecimento pelas ações de estreitamento entre a Polícia Militar e a comunidade de Nova Friburgo, na Região Serrana. O tenente-coronel Robson da Silva Santos, ex-comandante do batalhão local, comemorou a menção honrosa recebida na primeira edição do Prêmio Polícia Cidadã do estado.
– Estava há 17 anos no batalhão. Agora me afastei e estou passando para a reserva remunerada, porque completo 32 anos de PM e serei promovido a coronel no próximo dia 21. O novo comando ficará com o desafio de tocar os projetos, que podem ser inscritos em outra edição do prêmio – explica o oficial.
O orgulho do oficial aumentou ao saber que suas ações foram as únicas reconhecidas fora da capital:
– Fiquei feliz por ser o único do interior a receber a menção. Aqui não temos problemas de violência como nas grandes cidades, mas temos que ter projetos que reforcem o nosso padrão de segurança.
As outras duas ações que receberam menção honrosa foram o projeto Batalhão Seguro, da delegada Jéssica Oliveira de Almeida, que prevê ações de cidadania em áreas de conflito, e o Escola Segura: Papo de Responsa, do inspetor Roberto Chaves de Almeida. Neste último, policiais e jovens do AfroReggae vão às escolas e comunidades para promover debates, nos quais falam sobre suas experiências na polícia e no mundo do crime.
Coordenadora do Cesec comemora sucesso da premiação
Coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Cândido Mendes, Sílvia Ramos considerou mais que satisfatória a primeira edição do Prêmio Polícia Cidadã no estado do Rio. Com parceria do Instituto Sou da Paz, que está na quarta edição de uma premiação de mesmo nome, e o patrocínio da Fundação Ford, a organização recebeu 183 inscrições de ações de policiais.
– Eu fiquei super satisfeita. Em primeiro lugar porque os policiais se inscreveram em massa em nossa primeira edição. Chegamos a um número de inscritos que o (Instituto) Sou da Paz só chegou na segunda ou terceira, e há mais de 100 mil policiais em São Paulo. Em segundo, pela diversidade de projetos – afirma Sílvia Ramos.
A seleção foi feita por um júri composto por três coronéis de Polícia Militar, dois delegados e mais cinco pessoas – entre pesquisadores e representantes da Sociedade Civil.
— A decisão do júri foi soberana. Nós a acompanhamos, mas não interferimos _ explica Sílvia.
Conheça os jurados:
- Coronel Ruy César — ex-comandante Geral da PM de São Paulo na gestão de Mário Covas
- Coronel Luciene Albuquerque — subchefe do Estado Maior da PM de Minas Gerais (terceira pessoa na hierarquia da segunda maior PM do Brasil)
- Coronel Renato Perrenaud – ex-coronel da PM de São Paulo, atual secretário de Segurança de Santos
- Delegado Carlos Sant’ Anna — secretário de Segurança de São Leopoldo (RS)
- Delegada Elisangela Rheguelin – delegada da Polícia Civil do Rio Grande do Sul
- Denis Mizne — Instituto Sou da Paz
- Luiz Flávio Sapori — da PUC de Minas Gerais, ex-secretário de Segurança de Minas
- Vasco Furtado — da Universidade de Fortaleza (Unifor) – matemático e especialista em informação em Segurança
- José Luiz Ratton – da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – assessor de Segurança do governador Eduardo Campos
- José Marcelo Zacchi — Fundador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Cesec dá prêmio a oito ações de policiais do Rio
O Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Cândido Mendes divulga daqui a pouco, às 10h, a lista com as oitos ações de policiais civis e miltares do estado que vão receber, no dia 14 de setembro, o Prêmio Polícia Cidadã. Outras três ações receberam menção honrosa.
Nesta primeira edição, 183 projetos foram inscritos. Os vencedores receberão prêmios de R$ 5 mil a R$ 20 mil (grupos de quatro ou mais inscritos), pagos pela Fundação Ford. O “Extra” antecipa o resultado para você. Veja abaixo a relação dos ganhadores e um resumo da organização sobre as ações contempladas:
PRÊMIO POLÍCIA CIDADÃ RIO DE JANEIRO
Vencedores da edição 2008/2009
1. Policiamento Comunitário na Favela Tavares Bastos
Major Arnaldo Vargas Duarte
Um major do Bope acredita que é o policiamento comunitário que pode aproximar os moradores do batalhão. Há quase nove anos ele lidera ações de integração entre polícia e comunidade na Favela Tavares Bastos, no Catete. Para melhorar a convivência entre policiais e moradores foram criados projetos que atendem os cidadãos dentro e fora do batalhão. Parcerias como Petrobrás, Escola de Vôlei do Bernardinho, e o projeto Suderj em Forma também foram feitas. As melhores condições de segurança passaram a atrair interesses em filmar novelas e filmes.
2. Curso de Aprimoramento da Prática Policial Cidadã
Capitã Marcilene, Francisco Robson Gonçalves da Costa, Antonio Carlos Rodrigues, Orlando Alves de Souza, Wanderley Rodrigues, Carlos Augusto Moreira Jardim, Marco Antonio Victor da Costa, Luiz Lima de Souza, José Ruy da Costa, Walter Duarte Nepomuceno Filho, José Carlos Demétrio Sampaio, Luiz Antonio Mendes de Oliveira, Luciano dos Anjos Matos, Eduardo José da Silva, Luiz Marcelo Santos Russo, Geraldo de Almeida Carneiro, Carlos Fernandes, Antonio Euclides da Silva, Luiz Claudio Machado Moraes, Jefferson Paes Barreto, Rosangela Santos de Oliveira e Renato Alves Coutinho
Ano após ano, enfrentando altos e baixos, 21 sargentos continuaram acreditando que a capacitação dos policiais militares pelos próprios policiais, apoiada nas experiências do dia a dia, poderia contribuir para humanizar e aperfeiçoar a tropa. A parceria pioneira do Viva Rio com a PM, iniciada em 2002, baseia-se na idéia de combate à criminalidade via policiamento comunitário. O curso já formou aproximadamente 11 mil policiais. Espera formar 16 mil em 2009.
3. Policiamento Comunitário no Morro do Cavalão, em Niterói
Capitão Felipe Gonçalves Romeu, sargento Júlio Bastos Carvalho, tenente Diogo Ribeiro de Souza e cabo Alexander de Assis Monteiro
Atuando por um longo período na comunidade conhecida como Morro do Cavalão, de Niterói, a equipe chefiada pelo Capitão Romeu conseguiu produzir um impacto positivo neste território antes marcado pelo domínio de traficantes. Ao basear a ação do policiamento comunitário nos princípios da legalidade e dos direitos, a criminalidade e a violência foram reduzidas, melhorando a qualidade de vida de moradores e dos próprios policiais. Atualmente, o capitão Romeu lidera a implantação do programa de Policiamento Comunitário na Cidade de Deus.
4. Uso de cães como ferramenta para a resolução de ocorrências críticas
Capitão Vitor Batista do Valle, 2º Sargento Odimar Santos Ribeiro, cabo Fábio Passos Zomer de Oliveira e soldado Marcelo Reis Belém
O uso de cães comprovadamente diminui os riscos para os sujeitos envolvidos e a letalidade das ações policiais. A eficiência do treinamento dos cães e do trabalho dos policiais pôde ser verificada na ocasião em que houve o sequestro de um ônibus no ano de 2006. Quarenta e dois passageiros ficaram sob o domínio de um sequestrador que queria se vingar de uma mulher. Depois da libertação de onze reféns, com a ajuda dos cães treinados, policiais entraram no veículo, libertando todos os outros e prendendo o sequestrador. Todas as vidas foram preservadas.
5. Sistema virtual de contato contínuo com vítimas e testemunhas da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat)
Inspetor Diogo Soares Deleuze Raymundo e inspetor Marcos Santos Pereira de Oliveira
Para evitar que a investigação de crimes contra turistas ficasse paralisada, dois inspetores criaram um sistema simples de comunicação permanente com as vítimas através de emails. As investigações podem continuar e os criminosos podem ser presos.
6. Corregedoria mais produtiva, Polícia Civil (capital e Baixada Fluminense)
Delegado Marcelo Fernandes Rodrigues
Ao encontrar problemas no quadro de profissionais e na distribuição de procedimentos, um delegado reorganizou a lógica do trabalho, mudou pessoal de função e estabeleceu metas. Houve rápido aumento das apurações, das punições, da quantidade de denúncias oferecidas ao Ministério Público e a instauração de processos administrativos disciplinares.
7. Choque de gestão, trabalho em equipe e redução da criminalidade em área de grande diversidade social (Jardim Botânico, Gávea, Rocinha e São Conrado)
Delegada Barbara Lomba Bueno, oficial de cartório Reinaldo Render Leal, comissário Alexandre Estelita dos Santos e inspetora Mônica Alves Dias
Para enfrentar a ocorrência constante de determinados crimes, uma equipe estabeleceu dois focos: gerencial-estratégico e outro de caráter operacional. No plano gerencial, houve mudanças radicais na formação da equipe e na produção de resultados. No operacional, o foco recaiu sobre os crimes de maior incidência, na identificação das prioridades e no registro das operações. As ações produziram desarticulação de quadrilhas e melhora na relação com a comunidade.
8. Carceragem Cidadã
Delegado Orlando Zaccone Delia Filho, inspetor Carlos Alberto Martins Alvarenga, inspetora Fátima Cristina dos Santos e Silva e investigador Julio Cesar Pereira de Oliveira
Designado em 2007 para comandar a 52ª DP (Nova Iguaçu), uma das unidades da Polícia Civil que têm carceragem, o delegado Orlando Zaccone e sua equipe implementaram o Projeto Carceragem Cidadã. O objetivo era adequar o ambiente insalubre e violento a um padrão compatível com as diretrizes legais, diminuindo os conflitos e abrindo o local para a parceria com os outros órgãos do sistema legal (Defensoria Pública, Ministério Público, etc) e com a sociedade civil (ONGs, universidades, OAB). A erradicação dos conflitos na unidade é um dos indicadores do sucesso da iniciativa. Outros são a inauguração da biblioteca, a criação de uma escola municipal, o mutirão da saúde, o apoio psicológico e o estabelecimento do direito de voto para os presos provisórios dentro da carceragem. A ação deve ser considerada um modelo a ser seguido por outras carceragens não só no estado, mas também no país.
Menções Honrosas:
Projetos com destaque e mérito para vencer, mas que ainda não foram plenamente desenvolvidos
1. Escola Segura: Papo de Responsa
Inspetor Roberto Chaves de Almeida, oficial de cartório Fábio Erick Alves Monteiro e delegada Patrícia Alemany
Policiais e jovens do AfroReggae vão às escolas e às comunidades conversar sobre suas experiências na polícia e no mundo do crime. Em vez de tentar convencer os jovens sobre o que é certo ou errado, eles falam sobre problemas da vida, ouvem opiniões e estabelecem laços de confiança. O “Papo de Responsa” é uma ação do projeto Escola Segura, ainda em implantação.
2. Batalhão Cidadão
Delegada Jéssica Oliveira de Almeida, 2º sargento Dimas dos Santos Silva, 1º sargento Márcia Serpa Arantes e 2º sargento Célia Maria dos Santos Souza
Ação da Cidadania dentro de batalhões de polícia em áreas conflagradas? Isto é possível? Uma equipe mista, reunindo as polícias Militar e Civil, provou que é. Levaram ações da cidadania ao 16º BPM (Olaria), ao 14º (Bangu) e ao 22º (Maré). Milhares de moradores entraram nos batalhões, numa demonstração de que é possível aproximar a Polícia Militar das comunidades, e que muito ainda pode ser feito.
3. O 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Nova Friburgo
Tenente-coronel Robson da Silva Santos
O batalhão de Friburgo teve cinco ações incluídas na fase final do prêmio. Juntas, elas dão destaque à unidade, que prova que criatividade, abertura e integração com atores locais pode resultar num batalhão mais eficiente. E que não é preciso estar na capital para apresentar uma polícia ágil e moderna.