#Movimentos: Drogas, Juventude e Favela

Justificativa e objetivo

Diante do fracasso e das consequências trágicas da guerra às drogas – altas taxas de homicídios, aumento da violência e do encarceramento –, o debate sobre política de drogas cada vez mais ganha terreno em todo o mundo. Quando a discussão sobre o tema passa a ser feita pelos jovens das favelas, ganha um peso diferente. Afinal, a juventude das favelas e periferias brasileiras conhece de perto os custos da guerra às drogas e os impactos de uma política repressiva no seu cotidiano.

Tendo em vista a urgência dessa mudança de paradigma, pesquisadores do CESeC se uniram a um grupo de dez jovens do Complexo do Alemão, Jacarezinho, Maré, Cidade de Deus e Baixada Fluminense para debater e criar, a partir desses encontros, um guia sobre política de drogas para ser distribuído entre ativistas, militantes e lideranças de favelas interessados no tema. Previsto para circular em 2017, será um material feito por eles para oferecer informações, dados e argumentos sobre os impactos negativos da política de drogas no cotidiano das periferias do país.

Aristênio Gomes, do Complexo da Maré, diz que existe uma grande produção de conteúdo sobre a política de drogas, mas “nenhuma com a visão de quem realmente é afetado sobre isso”. É exatamente esta a proposta do #Movimentos: pensar ferramentas inovadoras que facilitem a abordagem do tema dentro, para e a partir das favelas. A equipe também pretende preparar vídeos sobre esse tema para divulgar o guia e ampliar a discussão dentro e fora dessas localidades.

Para esses jovens, grupos religiosos, culturais, do comércio, da saúde e da sociedade civil das favelas podem ser importantes porta-vozes na conscientização das pessoas para a real necessidade de uma política de drogas diferente no país, como meio eficaz de diminuir a violência gerada pela guerra às drogas nessas localidades.

Raull Santiago defende que “o principal significado da guerra das drogas está dentro das favelas, na maioria das vezes não inseridas no debate sobre a legalização das drogas feito por agentes de fora das comunidades”. Daí a importância de existir ferramentas pensadas pelos protagonistas desta realidade.

Atividades

2016

  • Oficina de formação : Nos dias 11, 12 e 13 de maio, jovens de diferentes favelas do Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador se reuniram para uma oficina de formação sobre Política de Drogas. Nesse encontro foi criado o #Movimentos: drogas, juventude e favela. Locais: CESeC e Galpão da Maré
  • Oficina sobre Políticas de Drogas: Conduzida por Manoela Trindade em julho de 2016, professora da PUC-Rio, a oficina discutiu o impacto dessas políticas na América Latina, fazendo um paralelo entre a situação da Colômbia e a do Brasil. Local: Ucam.
  • Produção de vídeos: Em junho, foram feitos dois vídeos com depoimentos sobre a experiência de jovens participantes do #Movimentos e para divulgação da iniciativa
  • Redução de Danos: Oficina em que Ana Clara Telles e Henrique Gomes contaram a experiência do projeto da Redes da Maré na cena de consumo de crack da rua Flávia Farnese. Realizada em julho. Local: Redes da Maré.
  • Audiovisual: Em setembro, a oficina foi de produção audiovisual. O grupo assistiu e analisou diversos vídeos a respeito do tema, e em seguida propôs ideias de roteiros que falassem de política de drogas a partir da perspectiva da favela. Local: Redes da Maré.
  • Mapeamento de atores estratégicos: No final de setembro, o #Movimentos recebeu mais uma vez a ativista Rebeca Lerer para construir uma cartilha sobre política de drogas a partir da perspectiva da favela. Nesse dia o grupo fez um mapeamento dos atores estratégicos, pensando formas de aproximá-los do tema. Local: Nave do Conhecimento, no Complexo do Alemão.
  • Texto introdutório da cartilha. Nessa oficina, o grupo preparou o texto preliminar da cartilha, no qual se explica a importância de que jovens de favela discutam e falem sobre a política de drogas e assumam o protagonismo desse debate.
  • Revendo a Cartilha : Em novembro, foi o momento de rever a primeira proposta da cartilha com a facilitação de Rebeca Lerer. O grupo propôs mudanças e trouxe novas ideias de informações e narrativa. Local: Ucam
  • Efeitos das substâncias. Em dezembro, o grupo recebeu o neurocientista Sidarta Ribeiro. Ele falou sobre o efeito das substâncias no corpo, do impacto de diferentes drogas como o álcool e a maconha, e também compartilhou novas descobertas dos efeitos medicinais de substâncias consideradas ilegais. Local: Redes da Maré.
  • Finalização da cartilha. Na última oficina do ano, o grupo recebeu mais uma vez Rebeca Lerer para conversar sobre a cartilha e seus desdobramentos, definindo as estratégias de divulgação e das redes sociais. Local: Casa Brota, Complexo do Alemão

2017

  • Encontro com Johann Hari: Em 14 de março, o grupo recebeu o jornalista inglês Johann Hari, autor de “Chasing the Scream – The First and Last Days of the War On Drugs” (Perseguindo o Grito – Os Primeiros e Últimos Dias da Guerra às Drogas), que veio ao Brasil para escrever mais um capítulo do seu livro sobre a guerra às drogas. Os participantes compartilharam o impacto da guerra as drogas nas suas vidas e nas favelas onde vivem.
  • Formação da cartilha: Em maio, o grupo se reuniu para participar de uma série de dinâmicas sobre o conteúdo da cartilha, apropriando-se dos números e dados, pensando estratégias de como abordar o tema com diferentes grupos e como responder a questões polêmicas.
  • Oficina com Dartiu Xavier e Julita Lemgruber: Ainda em maio, o grupo teve uma oficina de dia inteiro com os dois especialistas. Pela manhã, Julita Lemgruber apresentou as diversas pesquisas do CESeC mostrando o impacto seletivo da política de drogas. À tarde foi a vez de Dartiu Xavier, psiquiatra e professor da UNIFESP, que conversou sobre Redução de Danos e esclareceu algumas dúvidas do grupo sobre as mudanças das substâncias e possibilidades de tratamento.
  • Oficina de planejamento do #Movimentos: O grupo participou, em 20 e 21 de maio, de  oficinas de dia inteiro em Saquarema. Após uma avaliação coletiva do desenvolvimento do projeto, o grupo planejou as principais atividades para a sua continuidade.
  • Oficina Media Training: No dia 8 de julho, o grupo participou de oficina de Media Training coordenada pela jornalista Luciana Bento. Na parte da manhã, discutiu-se a atual situação dos meios de comunicação e como eles retratam a favela e falam sobre drogas. Na parte da tarde, houve várias dinâmicas, treinando a forma de falar com a mídia, seja em coletivas de imprensa ou em entrevistas para rádio e televisão.  Local: Redes da Maré.
  • Website: Em agosto, concluiu-se o conteúdo do website que trará informações detalhadas sobre uso de substâncias legais e ilegais; motivos e consequências da atual “guerra às drogas”; relação entre proibicionismo, violência e encarceramento; mudanças na política de drogas que vêm ocorrendo no mundo; abordagens ao problema do consumo abusivo e impactos previsíveis da legalização com regulação das substâncias hoje ilícitas.
  • Viagem aos EUA: Quatro jovens integrantes do Movimentos estiveram de 11 a 14 de outubro na cidade de Atlanta, Estados Unidos, convidados pela Drug Policy Alliance, para discutir política de drogas. Eles participaram da maior conferência mundial sobre drogas e de uma mesa com jovens de outros países da América Latina onde compartilharam suas experiências e ferramentas usadas impulsionar o debate sobre regulamentação das drogas.
  • Movimente-se: Primeiro encontro da juventude periférica para discutir políticas de drogas. Realizado de 7 a 10 de dezembro. Saiba mais aqui sobre o evento.

2018

  • Pesquisa: Publicação, em janeiro, dos resultados do levantamento “O que lideranças jovens de favela pensam sobre política de drogas?”. Leia aqui.
  • Planejamento das atividades do ano: Reunião no CESeC em 25 de janeiro e na Nova Holanda, Complexo da Maré, em 28 de fevereiro.
  • Diálogos: Iniciado em maio de 2018 e prosseguindo em 2019, o Diálogos nasceu da necessidade de promover o debate sobre política de drogas no Complexo da Maré. O grupo trabalhou em parceria com o Espaço Normal, um projeto da Redes da Maré, realizando atividades em escolas, ONGs, e espaços culturais e de lazer dentro do complexo. Produziu também três oficinas com diferentes frentes locais de comunicação.
  • Slam Laje-Drogas: Aniversário do Movimentos em parceria com o Slam Laje, atividade cultural com slammers e poetas favelados que aconteceu na Praça do Conhecimento da favela Nova Brasília, em 27/05/2018.
  • Oficina Slam Laje: Na 11ª edição do evento, o grupo organizou uma oficina sobre política de drogas, segurança pública e poesia  para slammers e poetas do Slam Laje e de outros coletivos. Em 24/06/2018.
  • Conferência na PUC: O grupo foi convidado a abrir a conferência Drogas e Violência nas Américas – As Alternativas no Limite, os Limites das Alternativas, em 06/06/2018.
  • Oficina de Direitos Humanos: Participação na Oficina de Formação e Organização para o Fortalecimento dos Sujeitos e das Lutas por Direitos Humanos no Estado do Rio de Janeiro, promovida pelo IBASE em 10 e 11 de agosto.
  • Viagem ao México: Quatro membros do grupo participaram durante uma semana da VII Conferencia Latinoamericana e II Conferencia Mexicana sobre Políticas de Drogas, realizada no México em outubro.
  • Viagem à Colômbia: Dois membros do Movimentos participaram da Conferência Latinoamericana de Juventude e Direito à Cidade, em dezembro.
  • Publicação: O grupo participou da elaboração do artigo “Do #vidasnasfavelasimportam ao #nóspornós: a juventude periférica no centro do debate sobre política de drogas”, publicado por  Ana Clara Telles, Luna Arouca e Raull Santiago no Boletim de Análise Político-Institucional. Rio de Janeiro, IPEA,  n. 18, dezembro de 2018.

Reunião no CESeC, 25/01/2018

Reunião na Maré, 28/02/2018

Diálogos: parceria do Movimentos com o Espaço Normal da Maré

2019

Em 2019, o Movimentos iniciou seu processo de autonomização, fundando a Casa Movimentos e caminhando para tornar-se uma ONG. Desenvolve atualmente diversas atividades nos eixos de:

  • Comunicação: vídeos, podcasts, produção de materiais institucionais (cartão de visitas, banners, site e cartilha em inglês).
  • Formação de multiplicadores: programa Residência, para jovens de favelas de 18 a 24 anos de idade.
  • Difusão do debate em escolas: programa Diálogos.
  • Participação em cursos de capacitação e em eventos nacionais e internacionais.
  • Captação de recursos: crowdfunding para criação da Casa Movimentos; apoio da Fundação OAK para formalização institucional e capacitação; proposta para o Instituto Ibirapitanga.

Primeira visita oficial à #CasaMovimentos: o neurocientista da universidade de Colúmbia, Carl Hart. Em 21/08/2019.

Projeto para jovens de favela da região metropolitana do Rio de Janeiro, de 18 a 24 anos de idade, para estimular a criação de novas narrativas sobre política de drogas a partir da comunicação popular e da arte favelada.

Primeiro dia do programa Residência Movimentos, 25/09/2019.

Equipe

Supervisão Geral:
Julita Lemgruber

Coordenação:
Ana Clara Telles
Luna Escorel Arouca
Raull Santiago

Texto:
André Galdino
Aristênio Gomes
Daiene Mendes
Enderson Araujo
Henrique Gomes
Jefferson Barbosa
Jéssica Souto
Karina Donaria
Mayara Donaria
Pamela Souza
Raull Santiago
Ricardo Fernandes
Sabrina Martina
Stéphanie de Araújo
Thainã de Medeiros
Thaynara Santos

Produtos

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Eventos

  • Lançamento da cartilha e do site, em roda de conversa na Redes da Maré, com Djamila Ribeiro, Flávia Oliveira e Douglas Belchior (2/9/2017). Clique aqui para ver o convite.
  • Visita de Carl Hart ao Complexo do Alemão, com roda de conversa sobre política de drogas (9/9/2017).
  • Festa de apresentação do Movimentos em São Paulo. Roda de conversa com Carl Hart, Thiago Vinicius e Nathalia Oliveira. Apresentações de rap & poesia. Distribuição da cartilha sobre drogas. No Aparelha Luzia, em 13/9/2017. Clique aqui para ver o convite.
  • Movimente-se, 7 a 10 de dezembro de 2017. Clique aqui para saber mais.

Galeria de fotos

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