Cariocas discordam que ‘bandido bom é bandido morto’

Pesquisa tem dados divulgados menos de uma semana após execução de criminosos por PMs

Cerca de 37% dos cariocas concorda com a frase e 73% acha que direitos humanos atrapalham o combate ao crime

Uma pesquisa realizada em 2016, pela Universidade Cândido Mendes (Ucam), sobre a reação dos cariocas à frase ‘bandido bom é bandido morto’, teve seus dados liberados nesta quarta-feira (5) e aponta que 37% dos entrevistados concorda com a afirmação. A pesquisa ainda aponta que 73% acha que os direitos humanos atrapalham no combate ao crime, sendo que 56% pensa que os apoiadores da ideia “só estão defendendo bandidos”.

O resultado mostra que o porcentual de cariocas a favor da máxima ‘bandido bom é bandido morto’ é bastante inferior ao observado em pesquisas semelhantes no Brasil em cidades com pelo menos 100 mil habitantes, como a do Fórum Brasileiro de Segurança Pública 2016 (57%) e o da Secretaria Especial dos Direitos Humanos de 2010 (43%). Ainda assim, os dados são considerados altos pelos responsáveis pela pesquisa.

“Trinta e sete por cento é um número muito alto, mas comparado a outras pesquisas pelo Brasil, nos pega de surpresa. Quando a gente olha para casos específicos, como na possibilidade de a polícia ter carta branca para matar, 70% é contra isso”, explica Julita Lemgruber, uma das coordenadoras do estudo.

O estudo, realizado entre março e abril de 2016, aplicou questionários para 2.353 pessoas com mais de 16 anos, amostragem que representa a população do Rio de Janeiro. De acordo com a pesquisa, a parcela que mais discorda da afirmação é a de religiosos, em sua maioria evangélicos: entre eles, 73,4% rejeitam a ideia.

Para Julita Lemgruber, esse assunto ainda é mal trabalhado no país e pode voltar à pauta. “Esse termo ‘direitos humanos’ foi mal compreendido nas últimas décadas. Estamos tentando buscar caminhos para retomar essa discussão com a sociedade”, comentou.

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