Prazo para inscrições no projeto ‘Polícia Cidadã Rio’ termina dia 30

Cerca de 300 policiais já se inscreveram no site do projeto

Através do cadastro – disponibilizado no site até o dia 30 de novembro – os profissionais apresentam os detalhes de suas realizações (o que foi feito; onde; quem esteve envolvido na ação; e quais foram os resultados). Cada policial terá sua inscrição analisada por uma comissão avaliadora – composta por policiais civis e militares e pesquisadores de outros estados do país – que, em fevereiro, irá anunciar os 50 finalistas.

O programa existe desde 2003 em São Paulo e já premiou 150 policiais. Esta primeira edição no Rio está sendo coordenada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) da Universidade Cândido Mendes, com parceria do Instituto Sou da Paz e apoio da Secretaria de Segurança do Estado, do Instituto de Segurança Pública e dos comandos das polícias Civil e Militar. O prêmio será financiado pela Fundação Ford (instituição americana que incentiva pesquisas e projetos diversos), que vai liberar o total de R$ 120 mil.

A segunda fase da análise dos projetos consiste na avaliação específica. Um grupo de profissionais selecionados pela coordenação do projeto fará uma visita aos finalistas. Além disso, os candidatos deverão enviar ao CESeC informações complementares sobre a ação. Estes detalhes serão analisados pela equipe (Comissão) de avaliação, que irá escolher até 24 realizações que mais se destacaram e apresentaram resultados.

“É importante poder trazer esses exemplos e idéias, e colocar isso a mostra para o público. É bom para o policial, que vê seu trabalho valorizado, e para a própria sociedade civil, que reconhece o valor desse trabalho. Isso estabelece pontos de diálogo entre os policiais e a sociedade”, explica a cientista política e assistente da coordenação do projeto, Adriana Paiva.

A iniciativa está sendo desenvolvido desde julho, com o Instituto de Segurança Pública e as polícias Civil e Militar. Segundo Adriana, a proposta foi apresentar o regulamento de acordo com o modelo e as experiências do Estado do Rio de Janeiro. A previsão do CESeC é que o resultado do projeto seja divulgado em maio de 2009.

Ações premiadas

Em São Paulo, algumas realizações foram destaque no projeto. Uma ação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) desenvolveu estratégia especial para aumentar os índices de esclarecimento das chacinas – crimes que em geral vitimam pessoas pobres, moradoras da periferia e que têm, com freqüência, a participação de policiais: criou um departamento especializado, com grupo fixo para investigar estes crimes. O índice de esclarecimento dos crimes chegou a mais de 90% e hoje o número de chacinas caiu consideravelmente.

Outra importante ação foi a da Polícia Técnico Científica, em parceria com a Polícia Civil, para determinar a origem da maconha que chegava a São Paulo. Acreditava-se que a maconha consumida no estado vinha do ‘polígono da maconha’, em Pernambuco, para onde eram direcionadas as ações policiais. Para melhor esclarecimento, a Polícia Técnico Científica fez uma análise química do solo de dezenas de regiões e chegou à conclusão que a maconha vinha do Paraguai. A partir da descoberta foi possível direcionar as investigações e ter mais eficácia nas ações de combate a este crime.

Em fevereiro de 2006, outra iniciativa chamava a atenção do projeto. Incomodados com o número de atropelamentos – cerca de cinco por mês – que ocorriam em frente à Base Comunitária do Jardim Ranieri, uma equipe de policiais militares do local resolveu se reunir com líderes da comunidade, comerciantes e moradores locais para tentar resolver o problema. Também consultaram as quatro escolas da região e perceberam que mais de mil crianças atravessavam aquele trecho de uma avenida movimentada todos os dias para ir estudar.

Concluíram que, com algumas reformas no local, os índices de atropelamento poderiam diminuir. As estratégias adotadas foram o rebaixamento da guia, beneficiando usuários de cadeiras de rodas e carrinhos de bebês, a colocação de faixa de pedestres, a instalação de semáforos e a construção de jardins nos canteiros para evitar que as pessoas atravessassem a avenida no lugar errado. Para viabilizá-las, os policiais conseguiram parcerias com projetos e comerciantes locais. As escolas do bairro se tornaram parceiras e os policiais passaram a fazer palestras e distribuir panfletos nas salas de aula. Com todas essas mudanças simples, o número de acidentes diminuiu em 80% desde que o projeto foi implantado.

Civis poderão participar

Além da equipe formada por profissionais, o público também poderá votar, através do site, na ação que mais se destacou. O policial referente à ação escolhida pelos civis receberá uma menção honrosa durante a cerimônia de premiação. “Essa idéia visa uma maior aproximação da sociedade com o bom trabalho realizado pelos policiais. Dessa forma, as pessoas não só conhecem as ações como participam e se interessam pelo projeto”, explica a cientista política.

A lista estará disponível para a votação do público a partir de fevereiro. Mais informações sobre o projeto realizado no Rio podem ser encontradas no site http://www.premiopoliciario.com.br/.

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