Rio tem aumento de 46% de mortes por violência policial no 1º semestre, diz Observatório de Segurança

Mortes em operações policiais cresceram 46% na Região Metropolitana do RJ — Foto: Arte / TV Globo

Estudo foi realizado na Região Metropolitana. No bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, as mortes em decorrência policial representam 38% do total.

O Estado do Rio de Janeiro registrou um crescimento de 46% no número de mortes causadas por violência policial entre os meses de janeiro e junho, em comparação com o mesmo período do ano passado. O dado foi divulgado na manhã desta terça-feira (9) pelo Observatório de Segurança, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC).

A pesquisa foi elaborada usando como base dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), do governo do estado; informações vinculadas na imprensa e mídias comunitárias e das forças policiais. No primeiro semestre do ano passado, foram 82 casos de mortes por ação de agentes de segurança. O número saltou para 120 casos este ano.

Para Silvia Ramos, coordenadora do Observatório da Segurança, a falta articulação entre as forças de segurança é muito grave.

“Este ano de março a junho somente 3% das operações policiais (13 de 436) foram realizadas em conjunto entre as forças de segurança, enquanto querem 2018, no mesmo período, durante a intervenção militar a cooperação entre as forças ocorreu em 29,5% das operações (78 de 264). Ou seja, a PM ou a Policia Civil agiram mais sozinhas, produzindo ações mais letais e com pouca eficácia na desarticulação das quadrilhas”, disse a coordenadora.

Os pesquisadores monitoraram 568 operações e 580 ações de patrulhamento. Foram 222 mortes em operações na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Isso representa 28,6% do total de mortes violentas.

Em algumas regiões, como o bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, as mortes em decorrência policial representam 38% do total.
De acordo com Sílvia Ramos, coordenadora do estudo, há um deslocamento das atividades criminais em curso no Rio de Janeiro. As estatísticas mostram uma queda dos roubos de cargas e de automóveis, mas refletem aumento dos crimes contra transeuntes, coletivos e outras que mais afetam a população.

Ramos também critica a falta de um planejamento estratégico de combate à criminalidade. Ela afirma que não há o estabelecimento de objetivos, metas ou avaliações. A pesquisadora destaca que há uma lógica de combate descoordenado ao tráfico de drogas e que isso impõe danos à população.

Os pesquisadores defendem ações de inteligência combinadas com políticas de prevenção. Eles criticaram o uso indiscriminado de helicópteros e blindados terrestres. Segundo o coordenador de pesquisa do Observatório, Pablo Nunes, as ações policiais são mais frequente e mais letais.

“O que a gente tem visto com preocupação é que o padrão que se verifica em 2019 é que as operações policiais aumentaram, mas ocorrem sem coordenação, sem inteligência e agindo de forma cada vez mais solo, ou seja, sem integração entre as forças policiais”, destacou Nunes.

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