Percepções sobre execuções sumárias e direitos humanos na cidade do Rio de Janeiro

Manifestação contra a violência policial no Alemão, RJ

Justificativa e objetivo

Algumas pesquisas de âmbito nacional já procuraram investigar o grau de concordância e discordância com o bordão “bandido bom é bandido morto” (BBBM). Por exemplo, a realizada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH) em 2010, que ouviu uma amostra domiciliar da população brasileira urbana e revelou que 43% concordavam total ou parcialmente com a frase. Mostrou ainda que, enquanto os direitos sociais e econômicos suscitavam apoio consensual, os direitos humanos relacionados a questões de segurança pública dividiam fortemente o país. Em 2015, outro levantamento amostral feito pelo Instituto Data Folha, a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, indicou que 50% dos moradores das cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes concordavam com o chavão BBBM. Repetido um ano depois, usando a mesma metodologia, esse survey constatou que o percentual aumentara para 57%.

Tais pesquisas mensuram a adesão e a rejeição às frases pró-execuções e contra os direitos humanos, mas não buscam compreender que ideias, percepções e valores alimentam a ideologia do justiçamento, nem traçar perfis dos indivíduos ou segmentos sociais mais apegados a ela, bases necessárias de qualquer tentativa de elaborar meios eficazes para desconstruí-la. É o que este projeto procura fazer, combinando métodos quantitativos e qualitativos – pesquisa amostral, entrevistas abertas, grupos focais e workshop com especialistas –, para aprofundar o conhecimento dos nexos entre adesão ao chavão “bandido bom é bandido morto” (BBBM) e outras circunstâncias relevantes, a fim de subsidiar ações e campanhas que possam abrir caminhos de sensibilização e mudança.

O projeto propõe também retomar a reflexão sobre percalços e tropeços do ativismo pró-direitos humanos depois do fim da ditadura e discutir meios para a superação da atual repulsa popular aos que defendem direitos básicos e limitação do poder absoluto do Estado.

Metodologia

  • Aplicação de questionários em pontos de fluxo a uma amostra aleatória de 2.353 pessoas, representativa da população do município com 16 anos ou mais de idade. Estratificou-se a amostra pelas 5 APs da cidade e, dentro de cada AP, foram definidas quotas por sexo, faixa etária e nível de instrução. Levantamento realizado em março-abril de 2016
  • Três grupos focais exploratórios, com participantes de diferentes faixas etárias e níveis de escolaridade, moradores e não moradores de favelas
  • Entrevistas em profundidade com nove especialistas de diversas áreas profissionais: um juiz de direito, um político, um antropólogo, três ativistas de movimentos sociais e direitos humanos, um jornalista, um psicanalista e um oficial reformado da PMERJ

Equipe

Coordenação: Julita Lemgruber, Ignacio Cano e Leonarda Musumeci

Pesquisador: Paulo Victor Leite Lopes

Pesquisa de campo
Coordenação: Sonia Nunes
Aplicação de questionários: RS Serviços
Pesquisadores: Adriana Carneiro, Ana Claudia Carvalho, Janiely Bezerra, Jorge Oracy, Kryssia Ettel, Lucia Helena Camargo, Rosália Menezes, Sonia Nunes

Grupos focais: Elo Serviços de Apoio à Pesquisa

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